14
outubro
As histórias de quem fez história no Ypiranga
O Blog do Ney Lima segue nesta quarta-feira (14), com a série de entrevistas intitulada “Por Onde Anda?”, que tem como objetivo destacar as principais personalidades que fizeram parte da história do Ypiranga ao longo dos seus 77 anos. Com relatos de atletas, treinadores, entre outras pessoas que participaram das alegrias e tristezas do clube, além de relatar o que eles fazem nos dias atuais.
Para esta oitava reportagem, a equipe da Avant Comunicação & Mídia entrevistou um dos maiores jogadores do clube, Soares, mais conhecido por Dedinha, o primeiro atleta santa-cruzense que se tornou profissional no futebol.
José Soares da Silva (62 anos), natural de Santa Cruz do Capibaribe, fala sobre o seu início no futebol, suas participações no futebol pernambucano e alagoano, além de destacar o que faz atualmente.
Confira a entrevista:
Blog – Como você surgiu no futebol e de que forma você veio parar no Ypiranga?
Soares – Na época dos meus 14 aos 16 anos, comecei jogando futebol pelo Estrelinha, que era um time base daqui de Santa Cruz do Capibaribe. Depois dessa fase, a maioria dos jogadores foram jogar na equipe do Ypiranga. Comecei jogando no Ypiranga com 16 anos de idade, ganhávamos cerca de 90% dos jogos, O Ypiranga era realmente um time imbatível.
Blog – Qual era a sua posição e principais características dentro de campo?
Soares – Na época do amador no Ypiranga eu era um ponta-esquerda, jogava muito como um quarto homem no meio-campo. E minhas principais características eram os dribles, toque de bola e gols.
Blog – Como surgiu a proposta em você sair do Ypiranga e se profissionalizar no futebol pernambucano e nacional?
Soares – O Ypiranga fez um amistoso contra o Ferroviário do Recife, aqui em Santa Cruz. O placar desta partida foi 1 a 1, e eu acabei fazendo um dos gols. Então eu tive a felicidade de jogar muito bem nesse dia e, alguns olheiros me viram e para a minha surpresa, no mesmo dia me levaram junto com o time do Ferroviário para jogar lá no Recife. Eu fui o primeiro atleta profissional de Santa Cruz do Capibaribe. Joguei um ano ainda no Ferroviário, onde disputei o primeiro Campeonato Pernambucano e conseguimos ficar em 3º lugar em 1974, um fato inédito. Depois fui transferido para o Central de Caruaru, onde fiquei por 5 anos.
Blog – Qual foi o melhor momento da sua vida no futebol?
Soares – A melhor fase da minha vida, foi quando estava no Central e nós vencemos o Náutico pelo placar de 1 a 0, nesta época o Náutico estava com 42 partidas invicta, e outro momento também foi contra o Sport que tinha uma grande equipe e, neste jogo eu fui escolhido como o melhor em campo e terminei ganhando várias premiações por causa desta partida.
Blog – Quais foram os melhores atletas que você atuou ao lado ou mesmo jogou contra?
Soares – Na época do amador no Ypiranga, tinha um grande jogador que era Tantinha, um atleta muito completo e regular. No profissional, eu tive a sorte de jogar contra Nunes, que estava no Santa Cruz e depois fez muito sucesso no Flamengo (RJ), também atuei contra Ricardo Rocha, Marinho Chagas, Jorge Mendonça e Dadá Maravilha e ao lado, joguei contra um grande jogador que era o Xau, quando eu estava no Central e depois ele foi jogar no Flamengo (RJ) e Botafogo (RJ).
Blog – Em que ano e o que lhe motivou a abandonar o futebol?
Soares – Foi no início dos anos 1980, Eu sofri um sério problema de contusão no joelho e, fiquei afastado por algum tempo, pois naquela época não tínhamos o tratamento que encontramos com bastante facilidade nos dias atuais, e a recuperação era bastante delicada e longa. Depois dessa recuperação eu fui emprestado ao CSE de Alagoas, então retornei ao Central e voltei a sentir os problemas no joelho, então decidir parar com a carreira de jogador de futebol.
Blog – Em sua opinião, o que tem de diferente do futebol da sua época para os dias atuais?
Soares – Antes era muita condição física dos atletas e a técnica também, hoje em dia é mais correria e tático.
Blog – Gostaria que você contasse um pouco da época em que você atuou como treinador da equipe santa-cruzense?
Soares – Eu recebi um convite para ser treinador da seleção de Santa Cruz do Capibaribe, onde para mim foi uma grande honra e, com muito esforço e garra e vontade fomos campeões. Tínhamos um bom time, sendo um dos melhores times amadores que eu vi jogar, isso para mim foi motivo de muito orgulho, que tive o prazer de participar como treinador.
Blog – Qual o seu maior orgulho e a maior decepção atuando no futebol?
Soares – Meu maior orgulho, foi na partida aqui em Santa Cruz do Capibaribe contra Ferroviário do Recife, onde fui convidado para fazer parte do elenco e, neste mesmo dia o meu pai estava presente, então isso foi o maior presente que eu pude dar a minha família. A minha maior decepção foi a contusão, que terminou acabando com a minha vontade de seguir no futebol.
Blog – O que Soares faz atualmente na vida?
Soares – Hoje em dia, eu tenho o meu comércio no Centro de Santa Cruz do Capibaribe, onde vendo tecidos voltados para shorts.
07
outubro
As histórias de quem fez história no Ypiranga
O Blog do Ney Lima segue nesta quarta-feira (07), com a série de entrevistas intitulada “Por Onde Anda?”, que tem como objetivo destacar as principais personalidades que fizeram parte da história do Ypiranga ao longo dos seus 77 anos. Com relatos de atletas, treinadores, entre outras pessoas que participaram das alegrias e tristezas do clube, além de relatar o que eles fazem nos dias atuais.
Para esta sétima reportagem, a equipe da Avant Comunicação & Mídia recebeu o ex-goleador nato, Tom Catanha, atuou por 19 anos pela equipe alviazulina e é um dos maiores artilheiros da historia do clube, tendo a incrível média de 1 gol a cada partida.
Edson Antônio de Melo (56 anos), natural da Vila de Poço Fundo, zona rural de Santa Cruz do Capibaribe, fala sobre o seu início no Ypiranga, curiosidades sobre o futebol praticado na época do amador, além de relatar o que faz atualmente.
Confira a entrevista:
Blog – Como você surgiu no futebol e por intermédio de quem você veio parar no Ypiranga?
Tom Catanha – A minha mãe falava que eu sempre iria dormir com uma bola embaixo do travesseiro, de tanto que eu gostava. Eu comecei a jogar na Escola no Luiz Alves, as pessoas me viram jogando e então fui para o Cruzeiro de Nelson e Náutico de Dedé de Biu Santana, esses foram os meus primeiros times que joguei em Santa Cruz, então todos os jogadores do Cruzeiro foram para o ‘júnior’ do Ypiranga, que naquela época era o juvenil. Aos 17 anos, eu entrei em um jogo no lugar de Lagartixa, que era o centroavante, então eu entrei no lugar dele e fui logo fazendo gol, comecei a fazer muitos gols pelo juvenil e eu era entrando e fazendo gol até que um dia Surubim falou “o cara é esse mesmo”. Eu fui para o Ypiranga por intermédio do meu próprio futebol.
Blog – Qual era a sua posição e principais características dentro de campo?
Tom Catanha – Eu fiquei como centroavante no Ypiranga por 19 anos e minhas características era raça, técnica com a bola, tinha uma saída rápida, cabeceio e velocidade, e quanto mais alto fosse o zagueiro, mais eu achava bom. Eu não tinha a ganância de gols, se eu visse um companheiro meu na área melhor posicionado, eu pretendida dá o passe pra ele fazer o gol, do que eu tentar.
Blog – Você era tido com um jogador que não tinha vícios e que mantinha uma vida saudável. Em sua opinião, o que esse cuidado pode contribuir para o rendimento dos atletas em campo?
Tom Catanha – No Ypiranga, todos obedeciam ao treinador Surubim, ele era como um pai para a gente. Aconteceu até uma história engraçada para entender melhor essa minha resposta, um time de Lajedo veio jogar aqui em Santa Cruz e passaram um trote e fomos informados que eles não viriam mais e que, teria morrido a mãe do técnico. Com isso, Pão Doce, que era a única pessoa que tinha um telefone naquele tempo, ele saiu passando na casa de todos dizendo que não iria ter o jogo, quando foi no início da tarde, os times chegaram e então todos os os jogadores estavam nas residências de seus familiares, o que eu quero dizer com isso é que quando não tinha jogo do Ypiranga, ninguém iria jogar nas peladas por ai, pois nós tínhamos o Ypiranga como se fosse um time profissional, como se fosse à casa da gente, era uma família e tudo isso contribuía, quando terminava uma partida e até após os treinos, não tinha essa história de irmos para as bebedeiras, terminava o jogo, depois do banho cada um iria para as suas residências.
Blog – Em 1979, a Revista placar trazia em sua página central, uma matéria sobre um duelo entre Ypiranga e Atlético Caruaru (atualmente o Porto), que tinha como foco o novo uniforme da equipe caruaruense. Quais os critérios para a escolha do Ypiranga nesta partida comemorativa?
Tom Catanha – O Ypiranga sempre foi um time bastante conhecido na região e em Pernambuco, então quando o Porto, Central, Santa Cruz, Náutico e Sport, iriam começar um campeonato eles vinham sempre para Santa Cruz do Capibaribe para fazer um jogo amistoso contra a gente, até porque o nosso time jogava e deixava o outro jogar, não batíamos, não errávamos o toque de bola, o tanto quanto esses times profissionais atualmente erram. Por isso neste ano, o Porto encolheu jogar contra nós e tivemos a honra do Porto vir fazer essa troca de camisa aqui e, que inclusive veio o pessoal da Revista Placar fazer uma matéria e tem até uma foto minha disputando a bola.
Blog – Qual foi o momento mais importante da sua carreira?
Tom Catanha – O momento mais importante foi quando o Santa Cruz do Recife veio jogar aqui em Santa Cruz do Capibaribe, aonde veio o zagueiro Ricardo Rocha. Eu soube que o treinador teria dito que o Ypiranga teria um centroavante muito bom e que iria colocar o Ricardo para me marcar. Durante todo o jogo ele (Ricardo Rocha) ficou no ‘meu pé’ e eu insistir tanto que eu conseguir fazer um gol e, a nossa equipe venceu o jogo por 1 a 0 e, eu fui escolhido como o melhor da partida.
Blog – Quais os melhores atletas que você jogou contra ou mesmo a favor?
Tom Catanha – Joguei contra o Ivan, que foi ex-goleiro do Palmeiras e Neto Surubim pelo Náutico. Jogando ao lado, eu posso destacar Domir, Tantinha, Flávio Balbino, Zé do Pará, Marinho e também tinha o Papaco, que era o Neymar daquele tempo, e ele driblava com as duas pernas e sem olhar para a bola, ele apenas olhava para o rosto do adversário e driblava. Eu admirava muito esse pessoal e eles me admiravam pela minha simplicidade, pois eu era uma pessoa tímida e muito sorridente pra todos. Eu também admirava o Tantinha, ele tinha 1,60 cm e tinha um bom impulso, conseguia subir cerca de 2 metros e meio, outro bom também foi o Carlos Axé que era um centroavante muito bom que passou pelo Ypiranga, Central e foi até para Portugal, esses que citei eram jogadores de atuar em times grandes do estado como o Sport, Náutico ou Santa Cruz.
Blog – Como era a personalidade de Surubim como treinador da equipe?
Tom Catanha – Ele era um pai de todos, gente boa e nós obedecíamos oque ele pedia e era muito ignorante, mas a gente sabia lidar. Um dia, chegou um jogador para defender o Ypiranga e disse que só jogaria no time se pagasse como se fosse hoje, em torno de R$ 5 mil, então Surubim perguntou, ‘você faz quantos gols por partida?’, e o atacante disse ‘eu não sei’, então Surubim respondeu, ‘então eu também não quero’, e quando vejo esses grandes contratos em me lembro sempre de Surubim.
Blog – Como era dividir o futebol da música, já que você vem de família tradicional de músicos?
Tom Catanha – O futebol e a música nós podemos misturar nas viagens. Quando a banda iria tocar aos sábados, eu pedia ao pessoal da banda que me liberasse no sábado, para que eu pudesse estar concentrado, bem e sem sono para servir o Ypiranga no dia seguinte. 19 anos da minha vida foram dedicados ao Ypiranga, eram nas quartas e sextas-feiras, treinos e jogos aos domingos, isso era toda semana e minha vida foi dedicada ao Ypiranga.
Blog – Quais foram as suas principais proposta que você recebeu e o que lhe motivou a abandonar o futebol?
Tom Catanha – Eu tive uma proposta do Santa Cruz, inclusive até o técnico Cidinho veio me buscar umas duas vezes, então falou que eu me preparasse e que com 30 dias voltaria para me buscar, ele veio, só que eu pedir para me preparar melhor e terminei não indo. Em seguida, Gordo de Raimundo do Brejo, disse ‘eu lhe levo para o Náutico’, então Gordo viajou e não retornou, mas eu também não o cobrei. O Central veio umas três vezes, mas eu gostava tanto de Santa Cruz do Capibaribe e do Ypiranga, que preferir ficar por aqui, eu nunca passei dez dias fora da minha cidade.
Blog – Qual o seu maior orgulho atuando pelo Ypiranga e a maior decepção no futebol?
Tom Catanha – Meu maior orgulho foi ter jogado contra o Ricardo Rocha, um jogador que foi tetra campeão do mundo, capitão da seleção, e para completar eu fiz um gol jogando contra ele. Já a minha maior decepção é sobre o Ypiranga atual, porque não considera nenhum dos atletas, nunca fez uma homenagem de nada para a gente. Eu até agradeço ao Soares da AABB, que fez no último dia 7 de setembro uma homenagem, quando ele convidou os ex-atletas para desfilar na Avenida 29 de dezembro, junto com o pessoal das escolas, mas quando ele me chamou faltavam dois dias para o desfile e já estava com uma viagem programada com a minha família, e pensei ‘deixar a minha família de novo pelo Ypiranga, onde eu passei dezenove anos, dessa vez não, mas de outra vez você me chame que eu vou’ e para mim foi um coisa muito bonita que ele fez pelo pessoal do Ypiranga e, não o clube que fez.
Blog – O que atualmente Tom Catanha faz na vida?
Tom Catanha – Eu hoje trabalho de barbeiro, depois que meu irmão (Raimundo) faleceu, eu cortava cabelo do meu filho, dos cunhados e amigos em casa, então a barbearia começou a encher de clientes e os meus irmãos disseram ‘venha para cá que a gente está precisando de um barbeiro’, e essa confiança já vem da família Catanha, e estou por lá graças a Deus há 17 anos. Eu também tenho um trabalho prestado a igreja católica, já trabalhei com o Pe Bianchi, Monsenhor Heleno, e os atuais padres, Joselito, Adriano e Carlos Augusto, e nunca aconteceu deles me chamarem para algo e eu dizer não. Eu faço parte da Pastoral da Família e do ministério de música, eu aprendi o dom da música e pensei ‘não vou parar, eu não quero tocar em festa nas ruas, mas vou me dedicar à igreja’.
30
setembro
As histórias de quem fez história no Ypiranga
O Blog do Ney Lima segue nesta quarta-feira (30), com a série de entrevistas intitulada “Por Onde Anda?”, que tem como objetivo destacar as principais personalidades que fizeram parte da história do Ypiranga ao longo dos seus 77 anos. Com relatos de atletas, treinadores, entre outras pessoas que participaram das alegrias e tristezas do clube, além de relatar o que eles fazem nos dias atuais.
Para esta sexta reportagem, a equipe da Avant Comunicação & Mídia recebeu o folclórico e ex-atleta, Mamá, o lateral-esquerdo titular do primeiro título profissional da equipe alviazulina.
Márcio Lopes Diniz (45 anos), natural de Santa Cruz do Capibaribe, fala sobre o seu início no Ypiranga e, o mesmo comenta sobre os fatos curiosos e engraçados que aconteceram em sua carreira futebolística, além de relatar o que faz atualmente.
Confira a entrevista:
Blog – Como e quando você surgiu no futebol e como veio parar no Ypiranga?
Mamá – Eu surgir no Ypiranga através da Liga Desportiva Santa-cruzense, mais ou menos em 1987, no qual eu fazia parte do Arrudão, a equipe do Natálio Arruda e, depois eu fui convidado por Carlinhos de Pão de Açúcar, que foi o primeiro treinador com quem trabalhei no Ypiranga, então foram vários anos pelo time e com diversos treinadores que passaram durante a minha carreira.
Blog – Qual era a sua posição e suas principais características?
Mamá – Eu jogava de lateral-esquerdo e minhas principais características eram driblar e apoiar muito.
Blog – A lateral-esquerda foi opção sua ou você não tentou outras posições?
Mamá – Eu joguei também de zagueiro, porém já foi quase no final da minha carreira, mas a lateral-esquerda sempre foi a minha forte posição.
Blog – Você era considerado um atleta brincalhão e folclórico, o que isso contribuiu no seu rendimento e amizades dentro e fora de campo?
Mamá – Eu acho que é boa a alegria com o grupo e, todo mundo gostava das brincadeiras que eu fazia, animava o grupo, todos gostavam de mim e eu agradeço até hoje.
Blog – Gostaria que você comentasse sobre uma troca de camisa com o ex-atacante Leonardo do Sport e que envolve até o saudoso Sêu Luiz, conte o que realmente aconteceu?
Mamá – A pessoa de Sêu Luiz para mim foi marcante demais, mas nessa historia a gente jogou contra o Sport e eu troquei a camisa com o Leonardo, porém quando terminou o jogo, ele (Sêu Luiz) foi contar as camisas e só faltava a minha e ele me perguntou pelo uniforme e eu respondi que teria trocado com Leonardo e, ele me mandava ir buscar e dizia ‘vá pegar a do Ypiranga e entregue essa porcaria de camisa do Sport’, mas eu com vergonha disse que ‘não iria’. Então ele foi e conseguiu pegar, mas eu não mandei a minha não.
Blog – O que realmente ocorreu em um fato de que você teria saído do vestiário do Ypiranga com um uniforme completo e se dirigiu até um bar da cidade?
Mamá – Foi em um jogo contra o América, a gente estava no vestiário e meu pai tinha tomado uma cerveja a mais e, então ele chegou no vestiário reclamando, pois teria pago para entrar dentro do estádio. Ele disse que pagou para entrar e chegou lá brabo, porque o filho dele iria jogar e não queria ter pago. Quando foi no final do jogo, ele foi me buscar dentro dos vestiários e eu sair com ele com o uniforme completo, então fomos até o Cantinho da Amizade* para tomar uma cerveja e fiquei por lá até a madrugada, porém quando foi no outro dia, eu fui escanteado por Zé Nelson.
Blog – Qual foi o momento mais importante da sua vida como jogador de futebol e quais foram os principais títulos que você conquistou na carreira?
Mamá – Meus principais títulos foram quando fui campeão da Segunda Divisão do Campeonato Pernambucano em 1994, pois foi o primeiro time a subir e depois foi quando fomos campeões em 1997 da Copa do Interior de Profissionais, essas foram as minhas marcas principais no Ypiranga. Já na minha carreira, eu jogava pouco na Liga, pois eu atuava pelo Ypiranga e era muito difícil ele participar, mas eu fui também campeão em 2001 pelo Evical, que era o time de Edson Vieira.
Blog – Você foi sondado por alguma equipe e quais foram os motivos que lhe fizeram abandonar o futebol profissionalmente?
Mamá – Eu joguei profissional pelo Ypiranga, mas tive convite para atuar pelo Vitória de Santo Antão, também teve o Campinense (PB), uma vez alguns dirigentes vieram aqui em Santa Cruz, mas não vou mentir, o meu maior problema no futebol foi com a bebida.
Blog – Quais foram os melhores atletas que você atuou ao lado ou mesmo jogou contra?
Mamá – No amador sem dúvidas foram, Papaco e Tantinha que eram bons de bola, já no profissional tive vários, mas eu destaco Raimundo de Jataúba, Marcelo era um jogador muito bom, Gaúcho o centroavante, Cacá, Flávio Balbino, Valmir de Pão de Açúcar, teve vários se for falar aqui, nós passamos o dia todo e peço desculpa aos outros que não lembrei.
Blog – Qual a diferença da época em que você jogava em relação ao futebol atual?
Mamá – Eu acho que a diferença é a vontade de jogar, a gente não recebia muito dinheiro, meu primeiro salário foi R$ 26,00, me lembro como se fosse hoje que era a metade de um salário mínimo e, ainda era descontado um imposto, passamos então a receber R$ 21,00, então quando a gente recebia já estava devendo o dobro. Naquela época, nós nunca dependíamos de dinheiro, jogávamos mesmo era com a vontade, força e garra, era campo cheio, e dificilmente nós perdíamos dentro de casa.
Blog – Qual o seu maior orgulho e a maior decepção no futebol?
Mamá – O meu maior orgulho foi ter conquistado esses dois títulos que citei, jogar quase 15 anos no amador e profissional. Já a minha maior decepção não foi naquele tempo, e sim é hoje em dia, é você ver um Domir pagar para entrar, é eu ser barrado às vezes, eu não sei se a culpa é da diretoria, é ver um Joninha de Botija se barrado, Toinho de Zé Néo não poder ir ao campo. Eu acho que nós deveríamos ter uma carteirinha para não precisar dar trabalho a ninguém, e minha maior decepção até hoje é essa.
Blog – O que Mamá exerce atualmente na vida?
Mamá – Eu sou cortador há mais de 25 anos, eu jogava pelo Ypiranga e trabalhava como cortador ao mesmo tempo e, atualmente sou cortador e me sinto muito orgulhoso por isso.
*Cantinho da Amizade (Bar localizado na Avenida 29 de dezembro entre as décadas de 1980 e 1990).
23
setembro
As histórias de quem fez história no Ypiranga
.
O Blog do Ney Lima segue nesta quarta-feira (23), com a série de entrevistas intitulada “Por Onde Anda?”, que tem como objetivo destacar as principais personalidades que fizeram parte da história do Ypiranga ao longo dos seus 77 anos. Com relatos de atletas, treinadores, entre outras pessoas que participaram das alegrias e tristezas do clube, além de relatar o que eles fazem nos dias atuais.
Para esta quinta reportagem, a equipe da Avant Comunicação & Mídia entrevistou o ex-atleta, Toinho de Zé Néo, o jogador que jogou mais anos pelo Ypiranga, 23 anos.
Antônio Silva (76 anos), natural de Santa Cruz do Capibaribe, ele fala um pouco sobre o seu início na equipe, além das alegrias e decepções vivenciadas no futebol. Toinho também trabalhou por diversas décadas como porteiro da Escola Estadual Padre Zuzinha de Santa Cruz do Capibaribe.
Blog – Quando e como foi o seu início no futebol?
Toinho de Zé Néo – Comecei no início de 1957 aos 17 anos, eu lembro bem que nesta época estavam construindo o Açude de Boqueirão na Paraíba e, o meu primeiro jogo foi lá na cidade de Boqueirão.
Blog – Qual era a sua posição em capo e suas características?
Toinho de Zé Néo – Eu comecei na ponta direita, só não joguei de goleiro por que eu sou muito “alto” (risos), fora isso eu joguei em todas as posições. Eu gostava muito de tocar a bola, eu me juntava com Joninha de Botija, então ficávamos tocando a bola.
Blog – Você chamava a atenção por ser baixinho, o que isso contribuiu no seu rendimento em campo?
Toinho de Zé Néo – Isso contribuiu muito, pois eu fazia tudo dentro de campo.
Blog – Qual foi o jogo mais importante da sua vida?
Toinho de Zé Néo – O jogo mais importante foi contra o Central de Caruaru, na inauguração do túnel do campo do Ypiranga, nós empatamos a partida em 2 a 2*.
Blog – Gostaria que você comentasse sobre essa história de levar para a sua residência, os uniformes dos atletas para lavar?
Toinho de Zé Néo – Sempre quando era preciso lavar os uniformes, eu os trazia para a minha casa e a mulher lavava e, isso tudo era por amor que eu tinha ao Ypiranga.
Blog – Você é tido como um dos melhores jogadores do clube, o que isso representa para você?
Toinho de Zé Néo – Isso representa muita coisa para mim, por que eu joguei muito, eu num vou dizer que não porque eu joguei, e não é “puxando a brasa para minha sardinha”, que eu não sou disso, mas eu joguei muito e joguei em todas as posições.
Blog – Quais foram os melhores jogadores que você atuou ao lado?
Toinho de Zé Néo – Ah! Tiveram vários jogadores, como o Zé Aleixo, Neguinho de Totó, João Caveira, tem muitos jogadores bons que eu joguei.
Blog – Em que ano e o que lhe motivou a abandonar o futebol?
Toinho de Zé Néo – Eu não lembro bem o ano que eu parei de jogar, só sei que foi no começo da década de 1970, e o problema foi o “motorzinho”, o coração.
Blog – Em sua opinião, o que tem de diferente do futebol da sua época para os dias atuais?
Toinho de Zé Néo – Hoje em dia está muito diferente, era melhor na minha época do que hoje, onde os jogadores naquele tempo jogava por amor a camisa e hoje é só por dinheiro.
Blog – Qual o maior orgulho e a decepção defendendo o Ypiranga?
Toinho de Zé Néo – O meu orgulho é o amor que eu tenho ao Ypiranga, quer dizer, eu tinha, porque eles fizeram safadeza comigo e a minha decepção é essa, vou explicar direito. A mulher lavava as roupas, eu engomava, fazia tudo e ate as chuteiras, e então negaram um ingresso na inauguração do túnel para a minha mulher ir assistir o desfile da banda da escola do ginásio, que só tinha ela na época e negaram um ingresso. Eu me sinto triste, porque ninguém era tão apaixonado pelo Ypiranga do que eu, mas fizeram safadeza comigo, a pessoa jogar 23 anos pelo clube, como eu joguei, fazia de tudo pelo clube, me barraram no campo, onde alguns meninos me pegaram e me tiraram como se leva um porco, um pegou pelo braço, o outro pelo outro braço, e outros dois pegaram um em cada perna.
Blog – Como se encontra Toinho de Zé Néo nos dias atuais?
Toinho de Zé Néo – Tenho problema de saúde e hoje está ruim e, eu choro demais quando eu vejo os meninos jogando, e eu não posso jogar, porque o coração está ruim e a coluna também.
*Obs.: A partida entre Ypiranga e Central na inauguração do túnel do Limeirão, aconteceu em 1972, o duelo terminou empatado por 2 a 2, marcaram para o Ypiranga, Jeremias e Soares (Dedinha).