23
setembro

As histórias de quem fez história no Ypiranga


Ypiranga - Histórias Por onde anda

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“Eles fizeram safadeza comigo” – desabafa ex-jogador Toinho de Zé Néo

 

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Fotos: Blog do Ney Lima, Arquivo do clube e Livro “Memórias de uma paixão em Azul e Branco”.

 

O Blog do Ney Lima segue nesta quarta-feira (23), com a série de entrevistas intitulada “Por Onde Anda?”, que tem como objetivo destacar as principais personalidades que fizeram parte da história do Ypiranga ao longo dos seus 77 anos. Com relatos de atletas, treinadores, entre outras pessoas que participaram das alegrias e tristezas do clube, além de relatar o que eles fazem nos dias atuais.

 

Para esta quinta reportagem, a equipe da Avant Comunicação & Mídia entrevistou o ex-atleta, Toinho de Zé Néo, o jogador que jogou mais anos pelo Ypiranga, 23 anos.

 

Antônio Silva (76 anos), natural de Santa Cruz do Capibaribe, ele fala um pouco sobre o seu início na equipe, além das alegrias e decepções vivenciadas no futebol. Toinho também trabalhou por diversas décadas como porteiro da Escola Estadual Padre Zuzinha de Santa Cruz do Capibaribe.

 

Blog – Quando e como foi o seu início no futebol?

 

Toinho de Zé Néo – Comecei no início de 1957 aos 17 anos, eu lembro bem que nesta época estavam construindo o Açude de Boqueirão na Paraíba e, o meu primeiro jogo foi lá na cidade de Boqueirão.

 

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Toinho de Zé Néo em destaque: Foto: Jornal Página Livre.

 

Blog – Qual era a sua posição em capo e suas características?

 

Toinho de Zé Néo – Eu comecei na ponta direita, só não joguei de goleiro por que eu sou muito “alto” (risos), fora isso eu joguei em todas as posições. Eu gostava muito de tocar a bola, eu me juntava com Joninha de Botija, então ficávamos tocando a bola.

 

Blog – Você chamava a atenção por ser baixinho, o que isso contribuiu no seu rendimento em campo?

 

Toinho de Zé Néo – Isso contribuiu muito, pois eu fazia tudo dentro de campo.

 

Blog – Qual foi o jogo mais importante da sua vida?Neo

 

Toinho de Zé Néo – O jogo mais importante foi contra o Central de Caruaru, na inauguração do túnel do campo do Ypiranga, nós empatamos a partida em 2 a 2*.

 

Blog – Gostaria que você comentasse sobre essa história de levar para a sua residência, os uniformes dos atletas para lavar?

 

Toinho de Zé Néo – Sempre quando era preciso lavar os uniformes, eu os trazia para a minha casa e a mulher lavava e, isso tudo era por amor que eu tinha ao Ypiranga.

 

Blog – Você é tido como um dos melhores jogadores do clube, o que isso representa para você?

 

Toinho de Zé Néo – Isso representa muita coisa para mim, por que eu joguei muito, eu num vou dizer que não porque eu joguei, e não é “puxando a brasa para minha sardinha”, que eu não sou disso, mas eu joguei muito e joguei em todas as posições.

 

 Padre Zuzinha dando o ponta-pé inicial numa partida histórica do Ypiranga. Na foto: Djalma Bezerra (Árbitro), o padre e Lagartixa, Toinho Néo e Pedro Filho, observando. Arquivo Arnaldo Vitorino.

Djalma Bezerra (árbitro), o Padre Zuzinha dando o pontapé inicial, Lagartixa, Toinho Néo e Pedro Filho. Arquivo: Arnaldo Vitorino.

 

Blog – Quais foram os melhores jogadores que você atuou ao lado?

 

Toinho de Zé Néo – Ah! Tiveram vários jogadores, como o Zé Aleixo, Neguinho de Totó, João Caveira, tem muitos jogadores bons que eu joguei.

 

Blog – Em que ano e o que lhe motivou a abandonar o futebol?

 

Toinho de Zé Néo – Eu não lembro bem o ano que eu parei de jogar, só sei que foi no começo da década de 1970, e o problema foi o “motorzinho”, o coração.

 

Blog – Em sua opinião, o que tem de diferente do futebol da sua época para os dias atuais?

 

Toinho de Zé Néo – Hoje em dia está muito diferente, era melhor na minha época do que hoje, onde os jogadores naquele tempo jogava por amor a camisa e hoje é só por dinheiro.

 

Em pé: Augustinho Rufino, Zé Alexio, Chiquinho, Surubim, Dr. Ivonaldo, Toinho de Zé Néo e João Caveira. Agachados: Goêgo. Joninha de Botija, Zé Minhoca, Lagartixa e Manoelzinho(Peba).

Em pé: Augustinho Rufino, Zé Aleixo, Chiquinho, Surubim, Dr. Ivonaldo, Toinho de Zé Néo e João Caveira. Agachados: Goêgo. Joninha de Botija, Zé Minhoca, Lagartixa e Manoelzinho(Peba).

 

Blog – Qual o maior orgulho e a decepção defendendo o Ypiranga?

 

Toinho de Zé Néo – O meu orgulho é o amor que eu tenho ao Ypiranga, quer dizer, eu tinha, porque eles fizeram safadeza comigo e a minha decepção é essa, vou explicar direito. A mulher lavava as roupas, eu engomava, fazia tudo e ate as chuteiras, e então negaram um ingresso na inauguração do túnel para a minha mulher ir assistir o desfile da banda da escola do ginásio, que só tinha ela na época e negaram um ingresso. Eu me sinto triste, porque ninguém era tão apaixonado pelo Ypiranga do que eu, mas fizeram safadeza comigo, a pessoa jogar 23 anos pelo clube, como eu joguei, fazia de tudo pelo clube, me barraram no campo, onde alguns meninos me pegaram e me tiraram como se leva um porco, um pegou pelo braço, o outro pelo outro braço, e outros dois pegaram um em cada perna.

 

Blog – Como se encontra Toinho de Zé Néo nos dias atuais?

 

Toinho de Zé Néo – Tenho problema de saúde e hoje está ruim e, eu choro demais quando eu vejo os meninos jogando, e eu não posso jogar, porque o coração está ruim e a coluna também.

 

*Obs.: A partida entre Ypiranga e Central na inauguração do túnel do Limeirão, aconteceu em 1972, o duelo terminou empatado por 2 a 2, marcaram para o Ypiranga, Jeremias e Soares (Dedinha).

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