25
junho

Política nacional


Previsões equivocadas

 

As manifestações ocorridas em junho de 2013, a Copa do Mundo e as vaias à presidente Dilma na abertura do torneio mundial de futebol caracterizarão a eleição presidencial deste ano. Em razão de cada evento ocorrido, um prognóstico foi realizado. A capacidade preditiva deve fazer parte da interpretação dos eventos. Mas a previsão deve ser desapaixonada. Não podemos inserir na previsão eleitoral apenas os nossos desejos.

 

As jornadas de junho do ano passado foram reconhecidas como eventos que possibilitaram ruptura com um estágio anterior. Os manifestantes foram às ruas em razão de que não mais aguentavam políticos corruptos e desejavam oferta de serviços públicos qualificados. Vários interpretes acreditaram que dali nascia um novo Brasil. Porém, sempre considerei as manifestações como mais um evento num conjunto de eventos que começou a ser formado no impeachment de Fernando Collor.

 

Em razão da realização da Copa do Mundo no Brasil, surgiu o coro “No Brasil não vai ter Copa”. Tal movimento era observado fortemente nas redes sociais, ambiente ocupado majoritariamente por pessoas das classes A e B. Foram estes segmentos sociais, inclusive, como bem mostraram diversas pesquisas de opinião, que participaram em sua maioria das jornadas de junho de 2013. O “Não vai ter Copa” incentivou os presidenciáveis, inclusive a presidente Dilma, a ficarem distantes do tema Copa. Eles temiam e temem associar a Copa às suas respectivas imagens.

 

Se as redes sociais espalhavam o “Não vai ter Copa”, pesquisas mostravam que as manifestações de junho perdiam apoio popular em virtude da violência. E revelavam a divisão da população brasileira quanto ao apoio à Copa. Se o apoio popular às manifestações declinava, era palpável acreditar em manifestações durante a Copa semelhantes às ocorridas em junho de 2013? O imprevisível deve ser considerado. Porém, a interpretação adequada era que manifestações focalizadas ocorreriam, mas não similares às jornadas de junho de 2013.

 

A Copa do Mundo sempre teve o olhar desconfiado da imprensa e de boa parte da opinião pública. Tal olhar era absolutamente normal, visto que boa parte das obras da Copa do Mundo prometidas pelos governos não foram entregues. Além disto, os noticiários mostravam diariamente, antes do inicio da Copa, obras que ainda estavam em fase de conclusão às vésperas dos jogos do mundial de futebol. A Copa começou e a imprensa, como era previsível, concentrou os seus olhares para os jogos e turistas.

 

No dia da abertura da Copa, a presidente Dilma foi vaiada e xingada. Diversos atores, de modo apressado, reforçaram as criticas à Dilma. Erro estratégico. Os torcedores que vaiaram Dilma são, certamente, das classes A e B. As pesquisas de opinião mostram que Dilma tem reduzida aprovação em São Paulo e nas classes A e B. E neste segmento econômico, a má avaliação da gestão da presidente é observada em vários estados do Brasil. Portanto, as vaias eram previsíveis. Mas isto não significa, e ai está o erro interpretativo, que o “Brasil vaiou a presidente Dilma” e que as vaias devem ser usadas eleitoralmente.

 

Por enquanto, manifestações semelhantes às de junho de 2013 não ocorreram durante a Copa. O “Não vai ter Copa” diminuiu o seu percentual de citações nas redes socais. E às vésperas do inicio da Copa, o monitoramento das redes sociais indicava o aumento do “Vai ter Copa”. As obras inacabadas não mais fazem parte fortemente da agenda midiática. E as vaias à presidente Dilma mereceram reprovação de boa parte da imprensa e repúdio nas redes socais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Notícias Anteriores


Meses Anteriores