Continuando a sua sequência de entrevistas com novos nomes que surgem na política santa-cruzense, o Blog do Ney Lima traz a entrevista com o radialista e líder comunitário Wilsinho do Pará.
Com 49 anos, Wilsinho começou a gostar de política no final da década de 1990, quando atuava como trabalhador nas antigas “frentes de emergência”, mas se aprofundou mais no assunto ainda nos anos 2000, a convite do ex-prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, Ernando Silvestre (DEM), para ser candidato a vereador, convite que não foi aceito.
Passados 15 anos, o seu nome, mesmo sem estar filiado a um partido, aparece como um dos pré-candidatos a disputar uma vaga no Legislativo Municipal em 2016, desejo compartilhado pelo mesmo.
Blog – Como foi que surgiu o interesse, sua relação com a política?
Wilsinho – Nos anos 2000, a convite do ex-prefeito Ernando Silvestre, eu assumi o posto de fiscal na Vila do Pará, que naquela época, era muito atrasado e muito sujo. Feiras livres aconteciam naquele distrito, animais eram amarrados da forma que o pessoal achava melhor… Foi quando que surgiu a necessidade de um projeto de conscientização de quem vinha a essa feira. As pessoas atenderam. Começamos a passar de um distrito muito sujo para muito limpo, que vem melhorando a cada prefeito que passa. Foi esse o meu primeiro trabalho com política. Em seguida, tomei conta do esporte. Fiz campeonatos de salão na quadra da escola, muitas equipes saiam daqui e de outras cidades para participar desses campeonatos. Aí foi que começou a influência de Wilsinho com os políticos. Houve o convite de Ernando para ser candidato a vereador; eu pensava duas, três vezes e não aceitei, mesmo tendo possibilidades de chegar.
Blog – Você falou do convite feito pelo ex-prefeito para disputar o cargo de vereador nos anos 2000 mesmo, segundo você, com chances de vitória. Porque não aceitou?
Wilsinho – Na época, eu me achava muito jovem e eu via que eu ainda não estava bem ligado com as entidades sociais, a qual hoje tenho esse relacionamento na cidade e na zona rural. Tenho pessoas amigas e empresários que hoje abraçam o trabalho que Wilsinho do Pará tem desenvolvido junto com as famílias e com a rádio Pará FM na nossa comunidade. Muitas pessoas têm me dito que se eu sair como candidato a vereador, que me apoiam. Eles me dizem que sou um “nome novo”… Muitas vezes as pessoas olham assim: “Um homem com 49 anos não é novo”; mas o “novo” que a gente diz é uma novidade na Câmara. Eu vejo, pelo que vejo com o pessoal tem me dito, é que andam cansados com alguns vereadores. Na campanha, dizem uma coisa e quando chegam na Câmara, o discurso muda totalmente… Em vez de lutarem pelas necessidades povo, ficam trocando acusações. Eu nunca fui desse tipo e temos uma obrigação, como filho de Santa Cruz do Capibaribe que sou, de conseguir ações para nossa cidade.
Blog – Wilsinho, sabemos que essa polarização de grupos políticos aqui é muito forte, mas como é que você vê esse posicionamento de grupos em Santa Cruz.
Wilsinho – Eu entendo que isso só traz prejuízos a cidade. Eu sou muito diferente. Se eu estou em um grupo, eu estou, mas eu entendo que a nossa cidade deveria mudar. Os nomes devem ser nomes novos, nomes de pessoas que não tenham esse compromisso tão grande com grupo “A” ou “B”.
Blog – Você nos disse antes da entrevista que não estava filiado a partido político. Como irá passar esse processo?
Wilsinho – Se eu, por ventura, entrar na disputa, a primeira pessoa com quem eu vou sentar e conversar se chama (o deputado federal) Eduardo da Fonte. Tenho já o convite do PP para se filiar e vamos analisar as coisas. Temos que ouvir as entidades, tanto da zona rural como da cidade, para saber o posicionamento e o interesse, além do compromisso de Wilsinho com essas entidades para que juntos possamos trazer algo de importância e de melhoramento para a zona rural e para Santa Cruz do Capibaribe. A gente não consegue nada sem a força das entidades. Temos visto que as entidades de Santa Cruz, depois que se mexeram, que começaram a acreditar que tem força, a cidade tem seguido algo de bom.
Blog – Como Wilsinho do Pará avalia a atual Câmara de Vereadores?
Wilsinho – Eu entendo que a Câmara precisa mudar muito mais. Ela vem mudando com as eleições, mas entendo que ela precisa de mais mudança, de mais vereadores compromissados com a população… Para ir buscar, junto com os deputados federais, senadores, com os governos do Estado e Federal, ações para nosso município. Vemos que nosso município tem se mexido quando se traz algo do Governo Federal. As emendas federais têm avançado a nossa cidade e isso é que tenho visto. Junto com esse compromisso com as entidades e essa renovação na Câmara… Eu acho que todos os vereadores de Santa Cruz deveriam pensar dessa forma e não estar trocando acusações. Eles deveriam ir as entidades e saber do que cada uma delas está precisando.
Blog – Isso quer dizer que a Câmara hoje não lhe representa como cidadão?
Wilsinho – Cem por cento… Não! Eu vejo que tem alguns vereadores que são compromissados com a cidade, mas entendo e estou vendo que precisam melhorar mais. 50% da Câmara, hoje, deveria ser de renovação com pessoas de mais compromissadas com a cidade.
Blog – Desses 50%… O que você acha que falta neles para você ter essa opinião?
Wilsinho – Todo mundo tem visto e observado. Já disse que “o compromisso não está tão compromissado”. Vemos que tem mais brigas de que defender o próprio interesse do município. Vereador não é para estar brigando, acho que o vereador deve estar ali fiscalizando o dinheiro público, se juntar com as entidades, buscar recursos para o nosso município em vez de tanta briga. 50% estão ali para trocar acusações. Vão para os blogs falar mal um do outro, falar mal da administração em vez de lutar pelos ideais de Santa Cruz. Esse não é o perfil de Wilsinho do Pará. O meu perfil é lutar, sempre estar em prol do povo, ouvindo. Ir nos bairros… Temos projetos do “Polis Pacas pela Paz”, “Cohab pela Paz”, para que a gente possa se tentar com essas associações, juntar as famílias… Mostrar que, quando as famílias querem, tudo acontece.
Blog – Como você vê o atual momento político em Santa Cruz do Capibaribe para 2016, tanto na Situação como na Oposição?
Wilsinho – Se precisa melhorar muito. Vejo que se mudou algumas coisas. No governo Edson Vieira, vemos que é mais técnico… Um governo que, até o presente momento, eu tenho analisado que ele tem sido um governo mais transparente com a população. Não é dizendo que esse governo tem que continuar, mas precisamos que seja dessa forma que está aí e que se mude mais ainda; que pessoas compromissadas com a cidade estejam perto da gestão municipal e que a população possa chegar mais a administração e que ela escute a população para que possa tomar os destinos do município.
Blog – E na Oposição?
Wilsinho – Não vejo, até o presente momento, uma relação dessa chapa (Galego de Mourinha (PTB) e Fernando Aragão) que venha convencer a população de Santa Cruz do Capibaribe. Em março ou abril, vamos ver como é que fica, como será esse rumo da Oposição para disputar as eleições do ano que vem. Devido a isso aí, eu permaneço neutro, procurando ver através do relacionamento que temos com Da Fonte, para tomar um rumo nas eleições do próximo ano.
Blog – Até quando será dada essa sua definição?
Wilsinho – Até a Festa do Pará, que será em março. Acredito que até a Festa do Pará, Wilsinho está decidido que rumo vai seguir.
Blog – Falando agora das duas principais lideranças políticas locais, que são o ex-deputado federal José Augusto Maia e o prefeito Edson Vieira. Como Wilsinho vê esses dois nomes sendo citados em escândalos; José Augusto Maia no Escândalo da Merenda e Edson com o Escândalo da Farra das Locações de Veículos?
Wilsinho – É onde vejo que nossos irmãos santa-cruzenses não merecem sofrer o que vem sofrendo pelas administrações que tem passado. Ver essa citação hoje da KMC… Eu não posso afirmar que realmente aconteceu. Se abrindo uma CPI seria a melhor forma de se mostrar a Santa Cruz se realmente aconteceu erros ou não. Resta a população esperar e ver se é verdade ou mentira. Já o caso de José Augusto Maia… Vemos que foi verdade o que aconteceu. Até agora, não vemos ele chegar em uma rádio e dizer: “Eu provo… Provei com isso que sou inocente”. Ele foi condenado e está aí sofrendo (as punições).
Blog – Você partindo para uma disputa eleitoral, qual será sua bandeira para tentar conquistar o voto do eleitor?
Wilsinho – Segurança! Santa Cruz do Capibaribe clama, não aguenta mais a violência que está acontecendo. Eu entendo que a forma que tenho promovido a paz no distrito do Pará, com certeza vamos lutar para que essa paz reine em todos os bairros.
Blog – Para finalizar; qual o real papel do vereador na sociedade?
Wilsinho – Eu entendo que o vereador deve estar ouvindo o povo, ver o que ele está querendo. O povo é a voz e fala o que está precisando. O vereador, para apresentar um requerimento à Câmara, ele tem que ouvir a sociedade para saber, de fato, o que ela está querendo. A melhor forma que entendo é essa: É a gente ouvir o povo, tomar as decisões na Câmara de Vereadores e tendo responsabilidade, fiscalizando o poder público, o prefeito, as secretarias e ver onde esse dinheiro é destinado e não estar lá brigando, trocando acusações e se esquecendo do mais importante.