13
outubro

Clima tenso, expulsão de vereador e protesto contra aumento salarial esquenta embates entre vereadores de Santa Cruz


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Protesto sobre aprovação de aumento salarial provoca clima tenso na Câmara – Fotos: Thonny Hill

Na tarde desta quinta-feira (13) foi realizada mais uma sessão ordinária na Câmara de Vereadores de Santa Cruz, a segunda após o período eleitoral.

A sessão transcorreu em clima tenso, graças a um grupo de manifestantes que estavam no plenário e protestavam, com cartazes, contra a aprovação no aumento dos salários dos vereadores, que passa de R$ 8 mil para R$ 9.800,00 a partir de janeiro de 2017. A cada discurso, os cartazes eram levantados.

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Dos 17 edis, 12 deles compareceram à sessão e fizeram uso da tribuna, mas a maioria optou por não tocar na polêmica em seus discursos. Não compareceram os vereadores Vânio Vieira (PTB), Pipoca (PSDB) e Carlinhos da Cohab (PTB).  Helinho Aragão não fez uso da tribuna, pois chegou fora do horário de inscrições.

O destaque negativo no plenário foi protagonizado entre os vereadores Luciano Bezerra (Rede), Junior Gomes (PSB) e Afrânio Marques (PDT). Os três já vinham trocando alfinetadas e provocações desde o começo da sessão, que culminou em uma forte discussão minutos antes do termino da mesma. Um vídeo pode ser visto ao final desta matéria.

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Narah Leandro destaca melhoria de Santa Cruz no IDEB e faz balanço após as eleições 2016

Abrindo os discursos, a vereadora socialista destacou, segundo ela, o resultado crescente de Pernambuco no IDEB, pontuando melhoria nos números da educação também em Santa Cruz, destacando como exemplo o desempenho da Escola de Referência Luiz Alves.

“A implantação dessa escola de referência aqui em nossa cidade foi uma grande ação de nosso Governo do Estado. Queremos ampliar essa política que traz, em tempo integral, a educação para nossos filhos e esse excelente resultado” – disse.

Já sobre o resultado negativo nas eleições, a vereadora aproveitou para fazer um breve balanço do mandato e agradeceu a sua militância.

“Foi um pleito em que pude contar com a minha família e com meus amigos. Quero fazer um agradecimento também a uma juventude aguerrida, que foi as ruas com uma mensagem de esperança de que poderíamos fazer muito mais” – pontuou.

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Junior Gomes propõe instalação de comitê para fiscalizar obras da adutora do Pirangí

No seu discurso, Junior Gomes (PSB) destacou, segundo ele, o agravamento na crise de abastecimento de água ao município.

O vereador frisou que participou de uma reunião com a gerência regional da Compesa, ouviu notícias pessimistas no tocante ao tema, frisou o encarecimento no valor da água cobrada por caminhões-pipa e fez uma proposta aos vereadores.

“Quero propor para que fôssemos ao canteiro de obras da adutora do Pirangi para que pudéssemos propor uma comissão, um comitê, para acompanhamento dessas obras, assim como foi a da BR-104, para que pudéssemos acompanhar dia a dia a execução dessas obras” – disse.

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Zezin Buxin é vaiado ao reafirmar posicionamento favorável ao aumento salarial dos vereadores

No seu discurso, Zezin voltou a fazer um balanço sobre sua campanha, destacando o resultado negativo nas eleições.

O vereador frisou que chegou a não procurar pessoas que se oferecerem, segundo ele, para ajudar em sua campanha e frisou que, segundo o mesmo, teria sido este um motivo para sua reeleição.

Já ao se posicionar quanto ao protesto contra o aumento de salários na casa, ele afirmou:

“Em relação as placas que estou vendo, vou dizer para vocês: mesmo se eu continuasse aqui nesta casa, eu não iria deixar de dizer o que vou dizer agora. Isso provavelmente repercuta de forma até negativa para mim, mas eu acredito muito que cada um de vocês, se soubessem como cada um chega aqui, muito provavelmente não iriam discordar desse aumento que acabamos de aprovar. Se tivessem conhecimento de fato como cada um, independente de quando chega, não iriam discordar” – disse.

Após isso, o vereador recebeu aplausos e vaias do plenário.

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Dida de Nan rebate afirmações de Dimas Dantas e o chama de falso e invejoso

No seu discurso, o vereador rebateu as palavras ditas, em emissora de rádio, pelo atual vice-prefeito Dimas Dantas (PP).

Em recente entrevista, Dimas havia declarado que o vereador seria uma boa pessoa, porém um analfabeto político porque, segundo ele, seria leal ao prefeito e não ao povo.

“Em nenhum momento eu disse isso. Quero dizer que não queria ter o estudo que ele tem; é formado em Direito e não dá para entender aquele ser humano. Em pouco tempo, foi postado vídeos dele falando de Fernando Aragão, que sabe muito bem, sobre terrenos do Oscarzão. Ele foi muito forte e, em seguida, queria subir no seu palanque para lhe defender, que era do bem. Esse cidadão, de dois em dois anos, está em um palanque falando mal do outro. Não tenho essa qualidade. Ele é falso, invejoso e falta com a verdade a todo o momento” – disse.

Já quanto ao protesto realizado na Câmara, ele afirmou:

“A situação aqui não é boa, pelo que acontece aqui, mas se fosse para só colocar no bolso e ir para casa, seria um absurdo e tanto” – disse.

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Fernando Aragão lamenta derrotas de apostadores, critica adversários e pesquisas e chama Junior Gomes de vereador inútil

No seu discurso, Fernando Aragão começou fazendo um balanço de sua campanha e fez críticas a adversários, destacando eleitores que perderam apostas por, segundo o mesmo, acreditar em pessoas sem compromisso com a cidade e nas pesquisas, ao qual chamou de falsas.

“Esse foi o pagamento que o povo recebeu de alguns, que no final de campanha, se vestiram de preto e foram tumultuar a cidade, para fazer pavor a aqueles que queriam votar contra. O povo de Santa Cruz foi enganado mais uma vez” – disse, citando que lutará na justiça pelo mandato.

No momento mais tenso do discurso, o vereador fez críticas pesadas a Junior Gomes, quando este pediu um aparte para rebater suas falas.

“O senhor não existe. O senhor é um vereador inútil nesta casa. As coisas que aconteceram na campanha, a justiça está dando conta e ela dará a resposta” – disse.

Já ao falar sobre o polêmico aumento nos salários, ele afirmou:

“Não sei se o montante é curto ou grande, se é bom ou ruim. Mas quem faz o trabalho aqui nesta casa, que executa ele, não é tão ruim assim. É preciso ver quem faz o trabalho da forma correta e se for, é bem pago” – pontuou.

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Ernesto Maia afirma que não há como voltar atrás sobre o aumento salarial

“Eu acho que um salário baixo para um vereador é tudo o que um prefeito quer. Isso faz com que o prefeito possa fazer uma manobra e em várias câmaras, a gente sabe o que acontece. Um salário justo faz com que ele tenha independência e essa independência custa também” – disse.

Foi com essas falas que Ernesto citou que discorda com informações que foram repassadas sobre o aumento, citando que o mesmo não houve, com base na resolução de 2012, que antes fixava o salário em R$ 10 mil, mas que teria sido reajustado de acordo com a Constituição Federal.

Ainda de acordo com o parlamentar, o movimento é legítimo e citou que o mesmo também deve ser feito em prol dos funcionários contratados, que estariam, segundo o político, com seus salários atrasados há dois meses.

“Essa indignação deveria ser levada para isso também, principalmente só hoje, vi que os médicos não receberam agosto e setembro, motorista do Conselho Tutelar e acredito que toda a estrutura não recebeu, a guarda municipal não recebeu. Os servidores da Secretaria de Obras não receberam. A coleta de lixo não está sendo feita porque a prefeitura está atrasada de dois dos cinco caminhões já foram recolhidos. Vamos aproveitar essa indignação e se posicionar a isso também” – disse.

O parlamentar citou ainda que a questão salarial não pode ser modificada e citou que, nas próximas eleições, apoiassem candidatos que defendessem a redução, mas enfatizou que os candidatos que existiam nas eleições defendendo a ideia tiveram votação inexpressiva.

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Zé Minhoca afirma que fará nova viagem a Brasília para cobrar promessas em campanha

No seu discurso, o vereador Zé Minhoca (PSDB) começou fazendo críticas a demora para apreciação, em plenário, do projeto de lei de sua autoria, que trata da implantação de políticas públicas para crianças diagnosticadas com microcefalia.

Em seguida, as críticas foram direcionadas a classe política, citando que irá, segundo o mesmo, viajar mais uma vez a Brasília no próximo domingo, para cobrar recursos prometidos ao município durante as eleições, incluindo-se as cobranças a conclusão da BR-104, de Toritama a entrada de acesso a Santa Cruz.

“Vou cobrar de Ricardo Teobaldo e do ministro Bruno Araújo, este último que disse, há seis meses, que a internet grátis estaria vindo aqui, mas está a passos de jabuti. Ele me disse também no comício da gente que faria o maior trabalho de pavimentação nessa cidade e vou cobrar” – disse e completou: “Se a BR-104 fosse de Caruaru para lá, já estava feita; mas como é de Caruaru para cá… Eu espero que meus netos venham a transitar nessa estrada, mas vamos ao DNIT cobrar” – pontuou.

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Deomedes Brito volta a cobrar engajamento na busca por agua da transposição via Congo

O vereador petista iniciou mostrando seu posicionamento contrário quanto ao fim da legalidade, proposta pelos ministros do STF, as vaquejadas, citando que elas garantem emprego e renda a municípios nordestinos.

Já sobre o abastecimento de água, ele falou sobre a adutora do Pirangi, mas voltou a cobrar engajamento da Câmara, para que se lute pela chegada da água pela transposição via cidade paraibana do Congo.

“Isso é viável de acontecer. O Sistema do Pirangi é importante, mas não podemos esquecer também dessa parte aí. Temos que nos unir. Se tivesse o convênio do governo do estado, do governo da Paraíba e do Governo Federal, tinha como isso se resolver” – disse.

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Ronaldo Pacas reafirma apoio ao aumento salarial e lamenta atitude de manifestantes

Frente ao protesto realizado na Câmara, Ronaldo Pacas (PR) respondeu:

“Só lamento uma coisa: imoralidade existem outras e talvez não se tenha conhecimento. Talvez essas pessoas que estão aqui, se estivessem nesta casa a cada reunião, pessoas que estão aqui pela primeira vez e não sabem como é o seu funcionamento. O que é essa casa de verdade?” – disse.

Ronaldo citou que a forma de como a notícia foi passada teria gerado prejuízos políticos aos parlamentares nas eleições e que a mesa diretora (exceto Afrânio) estariam envolvidos, juntamente com os demais vereadores no aumento.

“A Casa, com exceção de Afrânio e Vânio Vieira que se absteve, todos estão nesse processo. Se é imoral, todos estão cometendo imoralidade, sem exceção. Mesmo aqueles que estão usando de entidades como a UESCC para favorecer alguém, entidades que não estiveram em outras causas. Não sei os laços que unem tais pessoas, mas lamento por isso. Funcionários dessa casa se envolvendo em matérias que não era para se envolver, mas a democracia é para todos” – disse.

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Luciano Bezerra afirma que aumento salarial dos vereadores é legal e está abaixo da inflação

No seu discurso, o vereador fez sua defesa, segundo ele, da legalidade do aumento de salário dos vereadores.

Segundo ele, o valor de R$ 9800,00, que foi fixado para a próxima legislatura, estaria abaixo da inflação e abaixo de outro que havia sido posto em 2012, no valor de R$ 10 mil para os subsídios.

De acordo com ele, mesmo com tais explicações, o público não se convenceria sobre o assunto, mas também criticou populares que, segundo ele, não acompanham o funcionamento da Câmara.

“Vejo aqui muitas interrogações que são respondidas a partir do próprio movimento que vocês estão fazendo. É comum acompanhar que, ao termino dos discursos, o esvaziamento total dessa casa. Não se vê participando quanto aos projetos, as discussões das comissões ou diversas audiências públicas aqui realizadas. Esse movimento que vocês estão fazendo é o caminho” – disse.

O parlamentar chamou a todos para acompanhar as discussões sobre a Lei Orçamentária, que define receitas e despesas no município, um valor estimado em 168 milhões de reais.

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Afrânio Marques cobra de vereadores posicionamento de vereadores quanto ao aumento salarial

Último a discursar, o presidente da Câmara falou sobre a polêmica quanto ao aumento de salários.

Único a votar contra o aumento, o presidente elogiou o posicionamento de alguns pelo debate, mas também criticou Ernesto Maia (PT), que antes havia citado que um bom salário daria independência ao vereador.

Sem citar nomes, Afrânio citou que vereadores estariam se esquivando da polêmica, jogando o caso de uns para os outros, reafirmando seu posicionamento contrário.

“Desde o dia 09 de junho, fui a imprensa e deixei clara a minha posição. Deixei claro no dia da votação que era contrário e dizia porquê. Eu acho que não se deve fazer essa política de se jogar um contra o outro. Assuma sua postura e diga que foi favorável ao aumento. Diziam que o salário aqui era de R$ 10 mil, mas se qualquer um mostrar o contracheque, não passa de oito mil reais. Ernesto pode dizer que não aumentou e a lei anterior não vale, porque tinha vícios. Um (salário de um) deputado a época da votação dava apenas 8 mil” – disse.

Afrânio citou que não aceita ser taxado como o “patinho feio” da Casa, citando que assumiu publicamente sua posição de ser contra o aumento, inclusive citando que foi voto vencido em relação a mesa diretora da qual faz parte.

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A discussão que terminou em expulsão de vereador

Após o final da sessão, foi registrado o clima mais tenso dos embates, onde Afrânio Marques e Junior Gomes discutiram, fato que terminou com a expulsão do plenário do vereador socialista.

Fora dos microfones, Junior chamou o presidente de fraco porque, segundo o mesmo, teria colocado os vereadores contra a população por conta da aprovação do aumento salarial. Já Afrânio rebateu, chamou Junior de “mimado” e que lhe daria limites e, em seguida, o expulsou do plenário. Luciano também deixou o plenário em protesto a atitude do presidente. O momento foi registrado em áudio, com maior qualidade:

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