Há exatos sete dias, a cidade de Toritama vivenciava um de seus maiores momentos políticos de sua história. Na última terça-feira (30), foi votado na Câmara Municipal de vereadores, o processo de cassação do prefeito Odon Ferreira, fator exclusivo no município em 60 anos.
O placar do que seria a votação sofreu várias reviravoltas. Se para abrir o processo, a oposição obteve os oito votos favoráveis, para cassação seria necessário nove votos dos treze parlamentares da Casa.
Nos quatro cantos da cidade já se sabia que o processo não seria aprovado, pelo simples fato da bancada oposicionista não ter votos suficientes para tal ação. Com tudo, durante os dias que antecederam a votação a oposição virou o placar à frente e conseguiu a aliança de mais dois vereadores, totalizando dez a três para cassação. Zé Neto (PSD) e Marcos Serafim (PSB) aderiram à proposta e viajaram para um confinamento com todos os vereadores da oposição na Capital paraibana de João Pessoa. Lá os dez parlamentares ficaram hospedados em um hotel e se comprometeram em votar a favor da cassação.
O que surpreendeu a todos foram as abstenções de três vereadores na hora da votação, Zé Neto (PSD), Fábio Florentino (PT) e Maviael (PSL), sendo os dois últimos, componentes da bancada de oposição, inclusive usavam gravatas amarelas, já sinalizando claramente o voto para cassação e alusão a cor do partido da vice-prefeita Lucinha (PSDB).
De lá pra cá, muitas foram as especulações, acusações de propina, críticas e revolta de muitos.
Na manhã dessa terça-feira (07) o Vereador Zé Neto (PSD), esteve na Rádio Líder FM, prestando esclarecimentos à população em relação as suas atitudes.
Durante sua fala, o mesmo repetiu diversas vezes que ‘sempre foi contra o processo’, onde segundo ele, trata-se de perseguição política. O parlamentar argumentou que ‘depende do executivo para manter sua Casa de apoio em Recife, caso o prefeito fosse cassado ele temia que não tivesse o apoio de Lucinha (PSDB) que assumiria a prefeitura’.
Zé Neto chegou a afirmar que ‘recebeu um telefonema do marido da vice-prefeita perguntando se ele iria votar a favor ou contra, caso ele votasse contra a cassação, o mesmo não teria recursos liberados na gestão de Lucinha, porém se votasse a favor, continuaria tendo apoio do executivo para manter o local’.
A casa abriga vários toritamenses que vão a capital pernambucana para tratamentos médicos, exames, entre outros.
O vereador disse que ‘seria uma covardia cassar o prefeito’, mas ressaltou que ‘quando viu que isso iria acontecer, preferiu se juntar a oposição para ter o apoio da vice-prefeita quando a mesma assumisse o executivo municipal’.
“Questão de sobrevivência, se Odon perde o mandato eu estou acabado, se eu não me juntasse a cassação, perderia a casa de apoio”, disse.
O que fez voltar atrás?
Zé Neto disse que se juntou a oposição porque já sabia que Odon seria cassado, ele estando na base não teria respaldo de Lucinha, segundo suas palavras, o mesmo soube que Fábio Florentino iria abster-se do voto, por pressão familiar. Nesse contexto ficaria nas mãos de Zé Neto a decisão de cassar ou não o prefeito Odon. Com a confirmação da abstenção de Fábio, o número necessário de votos (09), seria o suficiente para cassação, porém se Zé Neto votasse contra, o processo seria arquivado.
Porque não votou contra, ao invés de abstenção?
O parlamentar disse que ‘no momento estava muito nervoso, a dicção já não era a mesma e teve medo de se expressar mal e acabar votando a favor, por isso teria optado pela abstenção’.
Houve propina para a votação?
Zé Neto disse não ter recebido qualquer quantia para votar a favor ou contra. Segundo ele, ‘o discurso do Vereador Birino (PSB) que afirmou na tribuna que o dinheiro falou mais alto, não passou de um momento de emoção do vereador, ao ver que o processo foi arquivado’.
Nesta quarta-feira (08) será a vez do vereador Fábio Florentino, o mesmo já confirmou que falará para população a sua versão dos fatos.
Com informações de Evandro Balla, correspondente do blog em Toritama.