16
setembro

As histórias de quem fez história no Ypiranga


Ypiranga - Histórias Por onde anda

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“Nós jogávamos mesmo era com a vontade e a garra” – relembra ex-atleta Flávio Balbino

 

Flávio Balbino

Fotos: Thonny Hill e Arquivo pessoal.

 

O Blog do Ney Lima segue nesta quarta-feira (16), com a série de entrevistas intitulada “Por Onde Anda?”, que tem como objetivo destacar as principais personalidades que fizeram parte da história do Ypiranga ao longo dos seus 77 anos. Com relatos de atletas, treinadores, entre outras pessoas que participaram das alegrias e tristezas do clube, além de relatar o que eles fazem nos dias atuais.

 

Para esta quarta reportagem, a equipe da Avant Comunicação & Mídia recebeu o ex-atleta Flávio Balbino, autor do primeiro gol alviazulino na história do Campeonato Pernambucano.

 

Flávio Balbino Bezerra (49 anos), natural de Santa Cruz do Capibaribe, fala sobre a sua atuação nas fases amadora e profissional da equipe, suas participações em outros times, além de relatar o que faz atualmente.

 

Blog – Como e quando você surgiu no futebol e como veio parar no Ypiranga?

 

Flávio Balbino – Eu comecei na equipe do Marión de Tal Chagas, um time que ele teve a ideia de fazer com uma molecada de 13 a 14 anos de idade, depois surgiu o Escolinha e nós fazíamos cesta para vender no comércio e arrecadar fundos para comprar o nosso padrão e nessa época, Toinho Sulanca era o nosso treinador. Depois a Escolinha ficou como uma espécie de juvenil do Ypiranga, então Domir passou um período sendo o treinador e nos treinos eu fui me destacando e cheguei ao Ypiranga amador e tenho uma imensa gratidão de ter jogado junto de Papaco, Domir, Soares, Tantinha, Nêgo Di, que na época era com apenas jogadores da cidade e região, isso foi o meu início no Ypiranga e depois passei um período nos juniores do Central. Em 1993, o pessoal do Ypiranga já estava com a ideia de profissionalizar a equipe, foi então que voltei ao Ypiranga e assinei em 1994, então iniciei a minha trajetória como profissional.

 

Flávio Balbino (em destaque) na equipe do Central de Caruaru em 1986.

Flávio Balbino (em destaque) na equipe do Central de Caruaru em 1986.

 

Blog – Qual era a sua posição em campo e suas principais características?

 

Flávio Balbino – Eu atuava como meia-esquerda, utilizava mais o domínio de bola, drible, lançamentos, toque de bola, goleador não, mas eu era um meio-campista avançado.

 

Blog – Na época que aconteceu a mudança do amador para o profissional, o que foi passado de mudança de postura para o elenco através da diretoria?

 

Flávio Balbino – Na realidade, nós tínhamos um semiprofissionalismo e ainda tínhamos aqueles resquícios de amador e, aos poucos fomos nos adaptando para o profissionalismo e dentro da diretoria, nessa época Zé Nelson e Zé Preto era quem comandavam o futebol, eles foram dando algumas pinceladas, já tínhamos alguns jogadores experientes e profissionais como era o Domir e Dimas (Dantas) era já era o nosso treinador, ele já tinha aquela postura de profissional e passou por vários times e então fomos nos adaptando aos poucos, mas sempre com aquela questão um pouco mais do amadorismo.

 

Em pé: João Luiz (prep. físico), Soares (treinador), Nêgo, Carlos Eduardo, Raimundo, Garrincha e Cícero. Agachados: Durango, Valmir, Rogério, Flávio, Cacá e Pamir.

Em pé: João Luiz (prep. físico), Soares (treinador), Nêgo, Carlos Eduardo, Raimundo, Garrincha e Cícero.                                    Agachados: Durango, Valmir, Rogério, Flávio, Cacá e Pamir.

 

Blog – Por ser atleta ‘prata da casa’, a cobrança era maior ou você observava isso com naturalidade?

 

Flávio Balbino – Na época não, por que a maioria era tudo da “casa”, cerca de 80%, eu digo da ‘casa’ por que era de Jataúba, Toritama, e de fora só tínhamos o Zito que era de Caruaru, e depois quem se incorporou ao time foi o Cicero (Monteiro) que era o nosso zagueiro e capitão.

 

Blog – Qual foi o momento mais importante da sua vida como jogador de futebol?

 

Flávio Balbino – Foi o primeiro gol que eu fiz pelo Ypiranga, que foi o primeiro da equipe em Campeonato Pernambucano, foi contra o Íbis e dentro desse relato, eu soube que um locutor disse ‘um bambo, que Flávio fez’, mas naquelas alturas não foi, já foi uma jogada consciente mesmo, pois eu lembro que o goleiro veio pra cima de mim e eu dei um toque por cima e, esse foi um momento feliz na minha vida.

 

ano 87 ilha do retiroBlog – Quais os clubes que você atuou e o que lhe motivou a abandonar profissionalmente os gramados?

 

Flávio Balbino – Bem antes do Ypiranga foi apenas o Central, um pouco amador e depois participei em algumas partidas profissional. No Ypiranga não foi questão de desmotivar, é que eu estava com a idade entre 27 a 28 anos de idade e a estrutura que o Ypiranga dava é a mínima possível, nós jogávamos mesmo era com a vontade e a garra, questão de salários pra mim num fazia muita questão não, até por que o Ypiranga não tinha essa condição total de dar um salário, mas era muito pouco e eu já estava prestes a se casar e foi uma das formas que procurei o melhor para a minha família.

 

Blog – Como surgiu a ideia de confeccionar por um bom tempo os uniformes do Ypiranga?

 

Flávio Balbino – Quando eu parei de jogar, eu fui confeccionar material esportivo e surgiu nessa época, a Rota do Mar que já teria começado a patrocinar o Ypiranga, e então Arnaldo (Xavier) me convidou na loja dele, e fui até o escritório que era Avenida Cabo Otávio, e ele (Arnaldo Xavier) perguntou se eu queira fazer o material do Ypiranga, e disse ‘eu topo, me passa o modelo e o mais ou menos como é a tua ideia e faremos o possível para te atender’ e desde essa ideia, estamos já nessa empreitada que é ser confeccionista na parte do futebol.

 

Blog – Quais foram os melhores atletas que você atuou ao lado ou mesmo jogando contra?

 

Flávio Balbino – O melhor ao lado foi sem dúvidas na época do amador mesmo, Domir, Soares, Papaco e no primeiro período do profissional tivemos Mamá, Marcelo, Eu, Valmir, o Nem que passou um pequeno período, Raimundo, Cesar o meu sobrinho, eram jogadores muitos bons da época e eu sou agraciado por esses dois momentos. Ao lado também em 1995 tivemos o Jacozinho, Jayme e naquela época existiam jogadores muitos bons e contra, eu tive a satisfação de jogar contra aquela turma do Sport, que tinha Juninho (Pernambucano), os zagueiros Adriano e Sandro, Zinho e que até vencemos eles lá na Ilha, aquela equipe era muito boa, mesmo eles jovens, mas eram bons demais, e contra também tive a satisfação de atuar contra o ex-goleador no Náutico, Bizú.

 

Foto: Jornal do Commercio/Alex Braga.

Flávio Balbino na marcação sobre o ex-atacante Bizu (9) em 03/04/1994. Foto: Jornal do Commercio/Alex Braga.

 

Blog – Atualmente, em sua opinião o que diferencia tecnicamente o Ypiranga amador para as últimas equipes que foram formadas no profissional?

 

Flávio Balbino – Eu acho que o Ypiranga naquela época se fosse hoje estaria disputando bem, eu não quero ser muito otimista nesse aspecto, mas dentro disso daí tem poucos jogadores profissionais iguais aos que eu passei no Ypiranga com amador e, acredito que aquela equipe era melhor do que algumas formadas principalmente essas do ano passado e desse ano, que são horríveis, eu particularmente faz dois anos que eu não piso no campo do Ypiranga e, não tenho mais vontade não, primeiro por um certo descuido da administração, tratam o Ypiranga de uma forma, sendo na maioria das vezes muita negativa e dentre esses dois anos pra cá, sinceramente não dá vontade ver por que é horrível mesmo.

 

Blog – Qual o seu maior orgulho e a maior decepção atuando no futebol?

 

Flávio Balbino – Meu orgulho foi ter participado do Ypiranga amador e também ter atuado no profissional, esses foram o meu orgulho, ter defendido o Ypiranga e ter passado um período de aprendizado no Central e surgiram algumas coisas absurdas lá, mas eu sempre tive a educação de família boa, que era de mim colocar no lugar. Já a decepção, eu creio que é o cuidado das diretorias que não é um cuidado bom para os jogadores, alguns deles, quando eu passei por profissional e essa é uma decepção que eu gostaria de externar, por não ter uma estrutura para acolher tantos jogadores bons na minha época, que eram alguns jogadores da região que tinham condições de ter se desenvolvido mais, não por falta de vontade da diretoria, mas dar uma estrutura em si que o Ypiranga deveria ter, realmente é difícil e isso deixa uma tristeza enorme.

 

Blog – O que Flávio Balbino faz atualmente na vida?

 

Flávio Balbino – Eu sou confeccionista como a maioria daqui de Santa Cruz e, ainda estou no ramo de esportes, e sigo fabricando com a marca da Rota do Mar, pois eles sempre fazem os pedidos e com isso estou tentando garantir o futuro da família com o melhor, que dentro dessa minha área que é a confecção esportiva.

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