09
setembro

As histórias de quem fez história no Ypiranga


.

Rubens Monteiro: “O treinador das Calcinhas”

 

Foto: Thonny Hill.

 

O Blog do Ney Lima segue nesta quarta-feira (09), com a série de entrevistas intitulada “Por Onde Anda?”, que tem como objetivo destacar as principais personalidades que fizeram parte da história do Ypiranga ao longo dos seus 77 anos. Com relatos de atletas, treinadores, entre outras pessoas que participaram das alegrias e tristezas do clube, além de relatar o que eles fazem nos dias atuais.

 

Para esta terceira reportagem, a equipe da Avant Comunicação & Mídia recebeu o ex-atleta e ex-treinador do clube, Rubens Monteiro, o técnico que em mais jogos comandou a equipe alviazulina.

 

Rubens Monteiro de Barros (52 anos), natural de Santa Cruz do Capibaribe, fala sobre a negociação dos salários atrasados em troca de lycra, o mesmo comenta a sua participação a frente dos juniores do clube, suas atuações em outras equipes, além de relatar o que faz atualmente.

 

Confira a entrevista:

 

Blog – Como foi o seu início no futebol e como você veio parar no Ypiranga como jogador?

 

Rubens Monteiro – O meu início foi pelo Ypiranga no final da década de 1970, onde eu tive a maior satisfação em começar, depois fui morar em Caruaru, joguei no juniores do Central, onde passei muito tempo, depois tive uma passagem pelo juniores do Sport, voltei para o Central, onde assinei um contrato profissional e tive o prazer de jogar quatro anos por lá, porém o mais importante foi no início mesmo pelo Ypiranga.

 

Blog – Qual era a sua posição em campo e quais as suas principais características?

 

Rubens Monteiro – Eu atuava de volante, como um quarto-zagueiro e eu tive um ponto importante que era a bola parada, que treinei muito. Teve até campeonatos que decidimos jogos através da bola parada, creio que seja importante a gente ter dentro de campo esse diferencial, era um ponto forte meu, que era essas bolas paradas.

 

 

Blog – Quais os clubes que você atuou como jogador, em que ano você parou de jogar e quais foram os motivos?

 

Rubens Monteiro – Eu tive o prazer nesses momentos em que atuei em passar quatro anos no Central, passei por duas seleções pernambucanas, quando na primeira vez tive o prazer de jogar ao lado do ex-zagueiro Ricardo Rocha, um cara que construiu uma história bonita na seleção brasileira, acredito que esse tempo foi muito importante começando pelo Ypiranga, quando comecei muito novo, mas, parei aos 22 anos devido a uma cirurgia.

 

Blog – Gostaria que você comentasse sobre o planejamento em que a diretoria fez com você, para se dedicar integralmente as equipes de Juniores, que resultaram em grandes conquistas e também revelações para o futebol?

 

Rubens Monteiro – Naquela época, mostramos a importância do trabalho da base, depois de três anos de trabalho da base, chegamos a ser vice-campeão pernambucano, e acho que isso foi marcante, foi um trabalho em que a diretoria deu um suporte muito grande, além do comércio e os empresários de Santa Cruz. Não é fácil trabalhar em uma equipe intermediaria que é o Ypiranga, para você chegar e enfrentar as grandes equipes do futebol pernambucano e chegar a ser vice-campeão do Estado. Isso tudo foi um conjunto que foi bem trabalhado e o trabalho da base foi fundamental e acredito que o Ypiranga tem que começar por ai, trabalhar com esse pessoal e ter paciência.

 

Blog – Como foi a responsabilidade de treinar pela primeira vez a equipe profissional do Ypiranga em 1995, que era de certa forma uma constelação de atletas e vários jogadores já consagrados?

 

Rubens Monteiro – Isso tudo começou pela base, onde estávamos fazendo um trabalho e, futebol é resultado. Tinha chegado um momento em que o treinador do Ypiranga, Jagunço, não estava tendo os resultados positivos e então recebi o convite de Maviael que era o presidente naquele tempo. Era uma equipe muito forte com jogadores muito bons e aceitei, conversei com eles e o importante foi a união do grupo com a minha pessoa e graças a Deus fizemos uma grande campanha. Tínhamos grandes jogadores como, Mimi, Jacozinho, Gaúcho, Raimundo, Júnior, Jaime, Flávio e chegamos juntos contra os grandes times que tinha na época, o Náutico, Sport e Santa Cruz, onde conseguimos ainda ganhar uma fase e consequentemente perdemos o turno no Arruda para o Santa por 2 a 1. Mas foi uma grande campanha e foi o meu começo como treinador.

 

Blog – Rubens Monteiro ficou conhecido no Brasil inteiro como “O treinador das Calcinhas”, gostaria que você relatasse sobre o caso da dívida de três meses por parte de Maviael, que resultou em compras de lycras e entregue a você como forma de pagamento e que foi destaque no país.

 

Rubens Monteiro – Era uma época em que o Ypiranga não se encontrava em um bom momento financeiro, que é comum em alguns clubes em atrasar os pagamentos e, Maviael, que era o presidente na época tinha uma loja de tecidos e vendia a lycra e, no momento eu também fabricava calcinha. Nós conversamos e fizemos um acerto na lycra, onde aquela lycra iria confeccionar as calcinhas, e eu isso ai pegou, saiu na Folha de São Paulo, Revista Placar, Esporte Espetacular e acredito que isso foi importante, pois resolvemos tudo e terminou sendo uma história bem engraçada. Os jogadores ficavam, Rubinho olha as calcinhas, vai treinar as calcinhas é?

 

Confira abaixo a matéria na íntegra veiculada em 1999 no programa Esporte Espetacular da Rede Globo:

.

 

 

Blog – A edição de dezembro de 1995 da Revista Placar, trazia em duas páginas uma matéria com o título “A Guerra dos Espertos”, em relação a essa dívida, o que realmente aconteceu, já que a matéria destaca as diferenças de valores nos pagamentos, e ela encerra assim: “Maviael tanto insistiu que acabou enrolando Monteiro”…

 

Rubens Monteiro – Foi um momento engraçado, mas deu certo esse acerto, pois ele vendia o produto e eu confeccionava e, foi um acerto amigável, não tivemos nenhum problema, mas também não existia cobrança, nem da minha pessoa e nem por parte de Maviael, nós sentamos e por pouco tempo resolvemos e, teve até uma história em que a Revista Placar esteve aqui em Santa Cruz, na loja dele e foi feita uma reportagem sobre esse fato, mas foi uma história  que acabou levando o nome da cidade e do Ypiranga para todo o Brasil.

 

Revista Placar Dez/95, página: 61.

 

Blog – Quais foram os melhores atletas que você viu jogar em sua carreira, tanto como jogador ou mesmo como treinador?

 

Rubens Monteiro – Acredito que foram tantos, começando aqui pelo Ypiranga, na minha época tinha o Neto, que era um meia que veio do time do Campinense (PB), daqui de Santa Cruz tinha Domir, que tinha um nível acima de todos. Um habilidoso também era o Papaco, outro também que vi no profissional com muita qualidade foi o volante, Wilson Surubim, era um jogador que pensava demais.

 

Blog – Qual o seu maior orgulho no futebol e qual foi a sua maior decepção na vida futebolística?

 

Rubens Monteiro – Meu orgulho foi ter começado pelo Ypiranga, pois foram 25 anos como jogador, diretor e treinador, já minha maior decepção foi no começo, pois eu estava muito bem e então passei quase um ano sem poder jogar futebol.

 

Blog – O que Rubens Monteiro faz atualmente?

 

Rubens Monteiro – Agora eu estou satisfeito, trabalhando como diretor de esportes de Santa Cruz e tenho orgulho de dizer que tenho uma equipe muito boa, com pessoas comprometidas e que gostam do que fazem. Agradeço a oportunidade e estamos procurando sempre o melhor para os esportes do município.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Notícias Anteriores


Meses Anteriores