01
setembro

As histórias de quem fez história no Ypiranga


.

“Temos que dar oportunidade a quem realmente joga bem e o dinheiro não pode prevalecer” afirma Domir

 

Fotos: Elivaldo Araújo e Arquivo pessoal.

 

O Blog do Ney Lima segue nesta terça-feira (01), com a série de entrevistas intitulada “Por Onde Anda?”, que tem como objetivo destacar as principais personalidades que fizeram parte da história do Ypiranga ao longo dos seus 77 anos. Com relatos de atletas, treinadores, entre outras pessoas que participaram das alegrias e tristezas do clube, além de relatar o que eles fazem nos dias atuais.

 

Para esta segunda reportagem, a equipe da Avant Comunicação & Mídia entrevistou o ex-atleta Domir, considerado por muitos, o melhor atleta que já vestiu a camisa alviazulina.

 

Valdemir Silvestre da Silva (60 anos), natural de Santa Cruz do Capibaribe, fala sobre os bastidores em torno do início de sua carreira, suas atuações em outros clubes, além de relatar o que faz atualmente.

 

Confira a entrevista:

 

Blog – Como foi o início de sua carreira no futebol?

 

Domir – Eu comecei em 1970 aos 15 anos de idade, era muito novo. Naquela época, era a maior dificuldade para começar a treinar e, quando foi em um jogo, Surubim (in memória) me convocou e tinham pessoas que não queriam que eu entrasse, pois achavam que eu era novo demais. Quando foi nesta mesma partida contra o Altinense, nós vencemos por 3 a 1, e eu acabei fazendo os três gols e, de lá pra cá não sair mais. Na época que comecei, existia mais amor e não tinha nada por dinheiro, e hoje em dia o futebol é totalmente diferente.

 

Blog – Qual era a sua posição e quais as suas características?

 

Domir – Eu comecei a jogar de volante, mas eu era um jogador muito batalhador e diferenciado, por que eu fazia muitos gols e gostava muito bem de bater faltas.

 

Blog – Qual foi a época que você considera mais importante da sua vida defendendo o Ypiranga?

 

Domir – A época que eu acho mais importante foi no meu início, pois eu comecei na época de setenta e, acho que esse time foi o melhor Ypiranga de todos os tempos, jamais poderei esquecer essa data.

 

Em pé: Domir, João Caveira, Zé Joventino, Surubim, Amauri, Chiquinho e Totonho (Presidente). Agachados: Fanta, Toinho de Zé Neo, Lagartixa, Pedro FIlho e Zé Carlos Balbino.

 

Blog – Você é considerado por muitos, como o maior ídolo do clube, o que isso representa para você hoje em dia?

 

Domir – Para mim isso é natural, pois eu nunca liguei para essas coisas, eu sempre quis a igualdade, e tanto Domir, quanto Joninha, como Toinho de Zé Néo, Rubinho e tantos outros jogadores, que vou terminar esquecendo alguns. Eu não sou melhor do que ninguém, pois acho todos iguais.

 

Blog – Você era tido com um jogador que não cansava em campo e que mantinha uma vida saudável por não participar de farras. Em sua opinião, o que esse cuidado pode contribuir para o rendimento dos atletas em campo?

 

Domir – Eu sempre achei que futebol é força e sempre me preparei. Hoje, eu estou com 60 anos, mas sempre treino uma hora por dia, correndo. Eu acho que se todos os atletas fossem desse jeito, jamais o ‘camarada’ iria parar com 20 ou 30 anos, é por que a maioria não se cuida e no futebol o atleta tem que se preparar, você pode ter a técnica que for, mas se você não se cuidar, você nunca será um jogador de futebol.

 

Blog – Além do Ypiranga, quais foram os outros clubes que você atuou?

 

Domir – Eu atuei no Esporte Clube Caruaru, que atualmente é o Porto, joguei no Central de Caruaru, então fui para o Alecrim de Natal (RN), mas, a equipe que mais gostei mesmo de jogar foi no Ypiranga e tenho muito orgulho do clube e a sua torcida para mim é melhor do que o Ypiranga.

 

Blog – Em que ano e o que lhe motivou a abandonar o futebol profissionalmente?

 

Domir – Eu fui contratado pela equipe de Natal, foi o clube que eu ganhei mais dinheiro e em 1982 em uma partida contra o Central, eu fraturei o pé, então fiquei em Natal e passei cerca de seis meses parado e só recebendo, foi então que me decepcionei e tive que parar.

 

Blog – Você já pensou em ser treinador de futebol?

 

Domir – Todos os jogadores de futebol pensam em um dia ser treinador, é como um garoto de 14 anos que quer ser um jogador de futebol, só que muitas das vezes você pega um treinador e uma diretoria que só visam dinheiro, e acho que futebol não é isso, temos que dar a oportunidade a quem realmente joga bem e o dinheiro não pode prevalecer nessas coisas. O ‘camarada’ que joga futebol por pobre que ele seja, tem que ser dada a oportunidade e que não houvesse ‘panelinha’.

 

Domir no Estádio do Central em Caruaru no ano de 1979.

 

Blog – Qual foi o melhor atleta que você viu jogar em sua carreira?

 

Domir – Eu poderia citar o Zico, mas o atleta que realmente eu vi jogar e inclusive joguei contra, foi o Roberto Dinamite (o maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro com 190 gols), ele era um grande jogador e acho que o futebol de hoje está muito diferenciado e nivelado.

 

Blog – Qual foi o seu maior orgulho e a sua maior decepção em sua carreira?

 

Domir –  Meu orgulho foi ter começado profissionalmente aos 25 anos de idade, pois ainda joguei Campeonato Brasileiro e, a decepção eu confesso que não tive.

 

Blog – O que Domir atualmente faz na vida?

 

Domir – Eu tenho um comércio no Centro de Santa Cruz do Capibaribe, onde vendo retalhos, tecidos e com isso eu vou batalhando pelo resto da vida. Eu acho que o mais importante não é a riqueza, e sim, trabalhar de cabeça erguida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Notícias Anteriores


Meses Anteriores