18
agosto

As histórias de quem fez história no Ypiranga


 

“O meu maior orgulho foi ter vestido a camisa do Ypiranga” – declara o ex-volante Marcelo

 

Foto: Elivaldo Araújo.

 

O Blog do Ney Lima inicia nesta terça-feira (18), uma nova série de entrevistas, desta vez com foco nas personalidades que fizeram parte da história do Ypiranga ao longo dos seus 77 anos.

 

A série “Por Onde Anda?” trará momentos vividos por atletas, treinadores, entre outras pessoas que participaram das alegrias e tristezas do clube, além de relatar o que eles fazem nos dias atuais.

 

Para esta primeira reportagem, a redação da Avant Comunicação & Mídia recebeu o ex-volante Marcelo que, foi o autor do gol na vitória da Máquina contra o Sport Recife por 1 a 0, no Estádio da Ilha do Retiro (Recife) na segunda-feira, em 20 de março de 1995 (essa vitória foi o primeiro triunfo da equipe alviazulina contra um time grande da capital).

 

Marcelo Souza Ramos (43 anos), natural de Santa Cruz do Capibaribe, fala sobre o início da sua carreira no futebol, além dos bastidores em torno do gol marcado na Ilha do Retiro. Atualmente, o ex-volante trabalha em uma loja de tecidos em Santa Cruz do Capibaribe.

 

Confira a entrevista:

 

Blog – Como e quando começou a sua carreira no futebol?

 

Marcelo – Eu fui para o Ypiranga por Intermédio do saudoso Surubim, que era o treinador. Na época, eu jogava pela equipe amadora do Estrelinha de Zé Boi e, ele viu que eu estava se destacando, então ele me convidou para participar do Ypiranga, eu aceitei e fiquei lá por cerca de 8 anos, entre o amador e o profissional.

 

Em pé: Ronaldo, Marcelo, Nelsinho, Alcindo, Paulo de Grandão e Nêgo de Goiabão. Agachados: Josevaldo, Alica, Edson Vieira, Lambú, Ronaldo e Sandro Açúcar.

 

Blog – Como foi o início da participação da primeira equipe profissional do Ypiranga no futebol pernambucano e quais eram as suas características?

 

Marcelo – Em 1994, foi montado um grupo da “prata da casa”, Dimas (Dantas) já era o treinador e, a gente conseguiu ir para a primeira divisão e posteriormente continuamos o mesmo trabalho. Eu era um segundo volante, que saía para o jogo, atacava, voltava para marcar e eu me doava demais ao Ypiranga.

 

Blog – Em março de 1995, aconteceu a primeira vitória do Ypiranga contra um grande time da capital do estado, como foi a concentração e os bastidores da equipe antes do duelo?

 

Marcelo – Antes da partida, ficava aquela tensão, nós fomos um dia antes para o Recife, ficávamos hospedados no Hotel São Domingos, e era aquela “resenha”, todo mundo brincando, todo mundo conhecido, era um grupo fechado. A gente sabia que na partida, o Sport era considerado favorito, mas, a gente chegou lá e entramos de igual para igual e conseguimos então surpreender o Sport.

 

Foto: Jornal do Commercio (Celso Ávila).

 

Blog – Gostaria que você detalhasse o lance do gol e a repercussão após a partida em torno do autor do gol, no caso você?

 

Marcelo – O lance do gol foi o seguinte, o Sport atacou e então recuperamos a bola, saímos em contra ataque, eu lancei a bola para o lateral-direito Edvaldo e, eu sair correndo sem a bola pelo meio de campo em direção ao gol do Sport, Edvaldo lançou para Jacozinho, Adriano e Sandro (zagueiros do Sport) correram junto de Jacozinho, então ele tocou para mim e eu fui feliz em fazer o gol, contra o goleiro Jefferson. Em relação à repercussão foi um negocio assim, de que só quem está ali dentro pra ver, o cara fica feliz por demais, e mais feliz é quando termina a partida que você tem feito o gol da vitória, que tem ajudado todos os companheiros e depois foi só festa. Eu sair como o melhor da rodada na minha posição, a televisão em cima, todos da equipe me parabenizando e foi um negócio maravilhoso.

 

Blog – O que aconteceu com a equipe entre a vitória contra o Sport e no duelo seguinte contra a equipe dos Estudantes, quando a equipe empatou em 0 a 0, contra um time que na época era tida como um saco de pancadas do torneio?

 

Marcelo – Eu creio que foi um pouco de salto alto, a gente tinha saído do jogo do Sport, descansamos após a partida na segunda-feira a noite e na terça-feira. Na quarta-feira nós fomos para o duelo contra o Estudantes e a bola não queria entrar, era bola na trave, atacamos o máximo. Enfim, saímos de um 0 a 0, que pra nós termos vencido o Sport foi frustrante.

 

Blog – O que o técnico na época, Jagunço (in memória), passava para o elenco e que tipo de incentivo a equipe recebia?

 

Marcelo – Ele (Jagunço) passava muita confiança para gente e tinha uma coisa, todo mundo se doava em campo. Nós tínhamos também uma coisa muito importante, pois assim que terminava o jogo e o time vencesse tinha o “bicho”, a gente já recebia (o dinheiro) ali dentro dos vestiários mesmo, então isso cooperava muito para que a gente se empenhasse o dobro, foi a época em que a gente conseguiu superar todas as dificuldades que nós tínhamos, mas a gente quase surpreendia mesmo no campeonato.

 

Blog – Quais foram os melhores atletas que você atuou dentro de campo?

 

Marcelo – Nós tínhamos muitos jogadores bons, o goleiro Ricardo que passava enorme confiança para o grupo, Edvaldo, Jacozinho, Mamá, tivemos Raimundo de Jataúba, se eu for contar todos era muita gente boa.

 

Blog – Em que ano você abandonou o futebol profissionalmente e quais foram os motivos?

 

Marcelo – Eu parei de jogar em 1998, já estava com quase 27 anos, eu fui para o CSE de Alagoas fazer um teste de uma semana e, na semana seguinte fui assinar o contrato, quando eu cheguei ao clube, o treinador que eu tinha feito o teste teria sido demitido do cargo, e outro treinador que teria chegado tinha colocado os jogadores dele, então eu fui dispensado e nem assinei o contrato e então desse momento fui me desgostando um pouco. Depois, ainda fui para o Central de Caruaru, passei 40 dias por lá, mas na hora do pagamento, o clube não tinha dinheiro para pagar e foi dessa vez que eu disse ‘não dá mais não, vou trabalhar em outra área, pois eu tenho filhos para dar de comida’ e estou na batalha até hoje.

 

Blog – Atualmente, percebemos que boa parte dos atletas e da equipe são escalados por empresários. Em sua opinião, o que isso tem atrapalhado ou mesmo contribuído para o futebol?

 

Marcelo – Eu creio que para times intermediários como o Ypiranga e o Central, esses times desse porte do interior, eles não têm condições de pagar altos valores aos jogadores, enfim se não for com a realidade de cada um dos clubes, esses times pequenos mais na frente com certeza irão fechar as portas.

 

Foto: Jornal do Commercio (Carlos Teixeira).

 

Blog – Qual o seu maior orgulho e qual foi a sua maior decepção na vida como atleta?

 

Marcelo – O meu maior orgulho foi ter vestido a camisa do Ypiranga e, eu ficava muito triste quando nós perdíamos, principalmente naqueles jogos em que nós tínhamos condições de vencer e infelizmente, a vitória não vinha, mas futebol é de altos e baixos.

 

Blog – O que o ex-volante do Ypiranga, Marcelo, faz atualmente na vida?

 

Marcelo – Desde 2004 eu trabalho para o empresário Flávio Pontes na loja Pontes Têxtil, e para mim, Flávio não é só um patrão é um colega e amigo, e é mesmo como se fosse um pai e irmão, e é por isso que até hoje estou com ele.

2 Comentários

  1. LUCIO MONTEIRO disse:

    jOGA MUITA BOLA ATÉ HOJE, COMANDA O MEIO DE CAMPO.

  2. Zé Preto disse:

    Parabéns Marcelo pela sua bela e equilibrada entrevista, que a sua passagem pelo Ypiranga sirva de exemplo para todos que estão batalhando para serem igual ou melhor que você como atleta,amigo e pai de família. O futebol Profissional agradece….

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