12
março

Artigo – Por Elaine Silva


Ser mulher é uma dádiva. É olhar o outro com empatia e ter a habilidade de ser multifunções. Gerar uma vida é indescritível. Mas confesso, incomoda a expressão “mulher guerreira”, como se aguentássemos tudo.

Nós somos iguais a qualquer homem. Somos seres humanos com capacidades e limitações. Mas, desde cedo a gente aprende que, se lutarmos igual, a gente perde. Não nos dão as mesmas armas, mas vamos para as mesmas batalhas. E o resultado? A gente não ganha nunca! A gente nem empata.

Quando crianças, vemos nossas mães trabalharem fora, fazer as tarefas domésticas e cuidarem da nossa educação. Quando adolescentes, aprendemos que não podemos usar qualquer roupa porque ela pode “despertar desejos” nos rapazes.

Quando jovens, percebemos que há vagas para mulheres diferentes das vagas dos homens, porque as habilidades são diferentes. Quando adultas, nos deparamos com homens recebendo mais para desenvolver as mesmas funções que a gente.

Somos objetivadas ao ponto de pertencermos a alguém. Para muitos, eu sou Elaine de Madeira, para outros, Elaine de Gilson. Depende de quando me conheceram.

O mundo é tão cruel com uma mulher que se ela for vítima de uma agressão vão lhe perguntar o que ela fez. Isso sem falar de comentários como: “Queria o quê, andando com essas roupas.” “É melhor aguentar do que ficar sozinha”.

E o auge da crueldade: a mulher tem a graça de se tornar mãe para a vida toda, o homem é pai enquanto escolhe ser.

Em Pernambuco, 52% da população é formada por mulheres. Santa Cruz do Capibaribe é uma cidade onde a mulher é protagonista na economia. Da ponta de linha à venda do produto final, a mulher santa-cruzense domina os processos e faz a nossa economia girar. Mas, a história da nossa cidade é contada essencialmente através dos homens. Do nosso descobrimento, emancipação até os dias de hoje.

Eu estudei, me especializei, já ocupei cargo com status de secretaria municipal, mas fui reduzida publicamente a “menina da previdência”.

O machismo é tão enraizado que, sutilmente nos torna rivais. É como se uma não pudesse ver a outra bem. É cruel a tal ponto, que já ouvi de outra mulher que, em virtude do meu “jeito sincero” eu deveria ser “amarrada em casa” pelo bem do meu marido e do seu processo eleitoral.

Então, não somos “mulheres guerreiras”. Somos seres humanos e também cansamos de lutar. O dia internacional da mulher não é sobre carinho. Não é sobre flores e chocolates. É sobre dizer: somos iguais.

Eu tive a honra e agradeço esse espaço para falar sobre esse dia. O espaço foi cedido por um homem que respeita e valoriza a voz de uma mulher.

Encerro por aqui dizendo que enquanto esse for o cotidiano das mulheres, o dia da mulher deve ser lembrado como uma data de luta, para que nossas filhas e netas gozem de um mundo com igualdade e respeito.

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