O Blog do Ney Lima segue nesta terça-feira (02) contando um pouco sobre a campanha do Ypiranga em 2006, que culminou em uma “tragédia” ocorrida no Estádio Ferreira Lima em Timbaúba, após o pênalti perdido por Júnior Amorim contra o Estudantes, no dia 05 de fevereiro daquele ano.
A equipe do Blog entrou em contato com os personagens que vivenciaram os momentos de alegrias e tristezas ocorridos durante o torneio. A série traz depoimentos exclusivos de torcedores, ex-jogadores, empresários, ex-políticos, radialistas e de pessoas que fizeram parte direta e indiretamente daquela campanha.
Neste segundo episódio relataremos o início arrasador da equipe no torneio, visando a busca das primeiras colocações, além da contratação do ex-atacante do clube, o experiente, Júnior Amorim para a equipe santa-cruzense.
Em pé: Wilson Surubim, Romero, Nenem, Israel, Tony, Lima, Ferrugem (Roupeiro) e Aranha (Treinador de goleiros). Agachados: Zezinho (Massagista), Gilson Costa, Jessuí, Jorge Guerra, Mazinho Brasília e Bia.
O Ypiranga estreou no Campeonato Pernambucano 2006 em uma tarde de domingo, no dia 08 de janeiro, contra o Salgueiro no Estádio Otávio Limeira Alves (Limeirão) em Santa Cruz do Capibaribe.
A Máquina iniciou o torneio aplicando uma goleada por 4 a 1, o primeiro gol surgiu aos 14 minutos do primeiro tempo através do meia Wilson Surubim, aos 29 foi a vez do meia Mazinho Brasília ampliar para o Alviazulino, ainda na primeira etapa, o atacante Gilson Costa fez o terceiro gol. No segundo tempo, o zagueiro do Ypiranga Da Silva acabou fazendo contra e a favor do Salgueiro, porém aos 46 minutos, o volante Tony fechou a goleada em 4 a 1.
A Máquina de Costura estreou com a seguinte escalação: Romero; Israel, Lima, Da Silva e Jorge Guerra; Bia, Tony, Wilson Surubim e Mazinho Brasília; Jessuí e Gilson Costa. Técnico: Edson Leivinha.
Foto e Imagem: Ricardo Fernandes/Diário de Pernambuco.
Na segunda rodada, o duelo contra o Central de Caruaru estava programada para o Limeirão, porém o mesmo foi interditado e a partida foi transferida para o Estádio Carneirão em Vitória de Santo Antão. O treinador Leivinha repetiu a escalação da estreia e venceu o Central de Caruaru por 3 a 2, gols de Wilson Surubim, Gilson Costa e Tony.
A Máquina de Costura conheceu a sua primeira derrota, no duelo contra o Santa Cruz no Estádio do Arruda em Recife, Wilson Surubim abriu o placar para o Alviazulino, porém sofreu a virada com dois gols do atacante Carlinhos Bala, que decretou a vitória tricolor por 2 a 1.
Ex-setorista do Ypiranga, o radialista Egídio Amorim, que fazia parte da equipe esportiva da Rádio Comunidade FM na época, comentou sobre o sentimento em que se encontrava o elenco e as disputas internas em busca da titularidade na equipe durante o torneio estadual.
“Aquele grupo realmente estava com muita vontade de entrar para a história e aquela temporada de 2006 foi muito importante para Santa Cruz do Capibaribe, apesar da fatalidade. E dentro daquele grupo, as únicas divergências que tinham eram aquelas “brigas” de que quem era reserva queria se tornar titular, fato que ocorre em todas as equipes” – completou.
Em busca da recuperação, o Ypiranga buscou o triunfo na cidade de Vitória de Santo Antão, contra a equipe da Desportiva Vitória. Wilson Surubim fez 1 a 0, após confusão na área o zagueiro do Vitória, Rafael, acabou fazendo contra e ampliando o placar para a Máquina, Fabinho diminuiu para o Tricolor das Tabocas, mas o jogo terminou com vitória do Ypiranga por 2 a 1.
Foto: Yngrid Herly.
Apesar da boa campanha que a equipe santa-cruzense apresentava no campeonato, um fato chamou a atenção para a imprensa local, torcedores e a diretoria, a ausência de um homem-gol, apesar da equipe contar com o centroavante Jessuí, o mesmo não estava desempenhando bem a sua função, apesar da insistência do treinador Edson Leivinha.
“Ele (Jessuí) ainda não conseguiu marcar nenhum gol no campeonato, mas ele se encontra colaborando com a evolução da equipe e, no momento certo ele irá desencantar, pois Jessuí é um atacante de decisão” – relatava Leivinha.
No duelo contra o Vitória no Carneirão, se encontrava no estádio, o atacante Júnior Amorim, com passagens pelos três grandes clubes do estado (Náutico, Santa Cruz e Sport). Na oportunidade, o atleta foi oferecido ao Ypiranga, o ex-presidente Flávio Pontes relembra que a aquisição do ex-atacante foi concluída graças a uma parceria com o poder público local da época.
“Nós tínhamos a necessidade de trazer mais um atacante, mas o clube não tinha o dinheiro e naquele momento chegaram se eu não me engano o ex-deputado Toinho do Pará, o prefeito na época, Zé Augusto e o atual vereador Ernesto Maia, além de um amigo deles que era envolvido com futebol e foram assistir o jogo em Vitória de Santo Antão, e eles já estavam com o Júnior (Amorim) lá no estádio e eu não sabia, eles sentaram comigo e então ofereceram o jogador durante uma conversa. No intervalo, conversei com mais alguns diretores e então falei que nós não tínhamos condições de pagar, pois era um jogador de nome a nível nacional, até porque nós tínhamos um limite na folha salarial para não atrapalhar o compromisso que estava sendo feito com os atletas. Depois de várias conversas, foi feito um pacote, o clube entrou com uma parte e eles (Toinho, Zé Augusto e Ernesto Maia) arcaram com a outra despesa e, foi então que trouxemos o Júnior para o Ypiranga” – detalhou o ex-presidente.
Foto: Rodrigo Lobo/JC Imagem.
Em 25 de janeiro daquele ano, o Ypiranga empataria no Limeirão contra o Náutico por 1 a 1, o duelo também marcou a estréia de Júnior Amorim pela equipe santa-cruzense, que entrou aos 27 minutos do segundo tempo de partida.
O Ypiranga abriu o placar após uma cobrança de falta pela direita, aos seis minutos, Tony recebeu um cruzamento e bateu de primeira, inaugurando o marcador. A equipe Alviazulina vencia por 1 a 0 até os 43 do segundo tempo, foi quando o meia Netinho lançou Danilo, que avançou pela esquerda e foi derrubado pelo lateral-direito Israel. Na cobrança do pênalti, o atacante Flávio deixou tudo igual.
O que seria impossível tornou-se possível para a conquista do turno, revela o goleiro Romero, que apesar de sua baixa estatura, passou confiança para o elenco e torcedores ao longo dos jogos.
“Todos nós jogadores que atuaram pela equipe em 2006, tínhamos uma forte união e isso foi fundamental para superarmos tudo que vivenciamos a cada jogo. O nosso grupo era forte e não temíamos ninguém, éramos respeitados por todas as equipes da região e isso fez desse time, uma das maiores da história do clube” – relatou o goleiro.
Na reportagem desta quarta-feira (03), o Blog do Ney Lima seguirá com a série da reportagem especial e, trará um resumo das partidas que garantiram a liderança isolada da equipe no estadual de 2006.
