Controlar gastos e deixar uma prefeitura em dia é tarefa ainda mais árdua
Um simples consultor organizacional vai apontar que manter a casa arrumada deve ser um hábito. Evitar a bagunça, além de deixar o lar agradável e receptivo, tende a tornar a rotina menos desgastante e estressante.
Na área financeira, organizar as contas pessoais pode ser um desafio. Para mantê-las em dia, é importante não perder datas, fazer armazenagem de recibos, priorizar demandas essenciais, controlar despesas que possam gerar juros, entre outras coisas. (Estou aprendendo muito disso após o casamento…)
É bem verdade que nem todo mundo aproveita o tempo que tem de forma produtiva e inteligente para arrumar a casa. É bem verdade que nem todo mundo aproveita a verba que tem para priorizar o necessário e essencial.
Se para uma simples residência isso parece um ‘problemão’, leve para uma prefeitura e podemos ter um desastre.
Reconhecida como um antídoto contra a ‘gestão arriscada’ dos recursos públicos, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) completou recentemente 18 anos de existência, enfrentando uma dificuldade imensa para seu cumprimento.
Não à toa, dados oficiais apontam que, em 2017, aproximadamente 80% das prefeituras pernambucanas descumpriram o limite de despesa com pessoal, que é de, no máximo, 54% da receita do município. (A título de informação, Santa Cruz do Capibaribe ultrapassou 60% dos gastos para esse fim, no segundo quadrimestre deste ano).
Sob a argumentação da existência da ‘crise’ e de conseguir manter serviços básicos, prefeitos seguem a baladinha, contratando cada vez, inchando a folha e lotando gabinetes, secretarias e gerências.
Para tentar restaurar o problema, gestores costumam correr às pressas nos últimos anos de governo, a fim de evitar complicações judiciais e eleitorais futuras. Parecem não perceber que, após a falta de cronograma, responsabilidade, atenção, respeito e/ou organização inicial, o impacto será desgastante e negativo da mesma forma.
Na ponta de tudo isso, costuma sofrer quem realmente trabalha, com atrasos salariais e cortes em funções precisas, em detrimento de altos ordenados e cargos criados para ‘só Deus sabe’.
O desrespeito à LRF, como apontado anteriormente, não é um mal exclusivo do Polo de Confecções de Pernambuco (muito menos de Santa Cruz). No entanto, me parece razoável verificar os problemas da minha casa, antes de qualquer residência vizinha.