14
junho

Artigo – Por Adriano Oliveira


ELEITORES CARENTES E PRAGMÁTICOS

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O Instituto de Pesquisa Uninassau realizou pesquisa qualitativa entre os eleitores das classes C e D residentes no Recife. A pesquisa aconteceu em 24 de maio de 2017. A metodologia qualitativa tem o objetivo de identificar as visões de mundo dos eleitores sobre diversos temas. Em seguida, o analista da pesquisa procura encontrar convergências de opiniões entre os entrevistados. Por fim, as convergências são interpretadas.

A referida pesquisa utilizou o instrumento metodológico focus groups, grupos focais. Quatro grupos focais foram montados. Os grupos foram divididos por renda e faixa etária. Os eleitores residiam em diversos bairros da capital de Pernambuco. Temas conjunturais foram expostos aos entrevistados.

Os resultados da pesquisa são relevantes. Entretanto, opto por destacar alguns deles. Indagou-se aos participantes da pesquisa se eles prefeririam governantes que “rouba, mas faz”, ou governantes que “não rouba, mas não faz”. Os eleitores, inicialmente, independente dos grupos, foram enfáticos em afirmar que preferem os governantes que “rouba, mas faz”. Em seguida, contudo, diversos eleitores reagiram e disseram não perdoar “políticos corruptos”.

Após a reação, o debate intenso foi observado. Para os adeptos do “rouba, mas faz”, é muito melhor “um governante que atenda às nossas demandas, do que um que não atenda”. A explicação posta é pragmática e mostra carência dos eleitores. Tal carência surge em razão de que os entrevistados, sem exceção, não acreditam em governos e nem em políticos. Segundo eles, os governos não atendem as demandas dos eleitores e os políticos são “sanguessugas”, “cheios de privilégios”.

Portanto, encontro a explicação para a tolerância com os governantes que “rouba, mas faz”. A tolerância advém da carência que eles têm. O Estado, ou melhor, o governo, não está presente para atender as suas demandas. Por isto, quando algum atende, mas rouba, é melhor tolerar o governante que comete deslizes do que o que não comete e que não atende às demandas.

A descrença com os políticos também explica a tolerância com o “rouba, mas faz”. Para os participantes da pesquisa, “todos os políticos estão no mesmo saco”. Eles não são diferentes, são iguais. A existência de um político que “olha para o povo” possibilita que eles tolerem a corrupção pública.

Destaco, contudo, que os eleitores apoiam a operação Lava Jato. Segundo eles, a Lava Jato está “mostrando a verdade do Brasil”, “prendendo poderosos”. Ao se referirem a Lava Jato, eles expressam o desejo de justiça e de vingança contra os políticos. Os eleitores maduros qualificam a Lava Jato como uma novela, onde cada dia tem um capítulo. E indagam: “Quando esta novela acabará?

A curiosidade pelo fim da Lava Jato tem uma explicação. Diversos eleitores maduros associam a Lava Jato às crises política e econômica. Entendem, portanto, que a superação das referidas crises dependem do fim da novela Lava Jato. Ressalto que os eleitores ao mostrarem apoio a Lava Jato revelam sentimentos de justiça e contrariedade com a corrupção pública.

Os eleitores não têm ideologia. Eles não sabem, em sua maioria, definir o que é ser de esquerda ou direita. Os que se arriscam, qualificam a esquerda como preocupada com o povo “ou ser de esquerda é fazer oposição”. Os eleitores descartam a discussão ideológica. A ideologia não orienta as suas escolhas. Um governo atuante e eficaz no atendimento às suas demandas é o que importa.

A conclusão da pesquisa é instigante. Eleitores condenam a corrupção, mas a toleram, caso o governante acusado de corrupção esteja atendendo as suas demandas. Os eleitores apoiam a Lava Jato. Contudo, indagam quando ela irá acabar. Pois desconfiam que ela esteja, em parte, provocando crises econômica e política. A única ideologia dos eleitores é o desejo por um governo que faça por eles. Portanto, os eleitores das classes C e D são carentes e pragmáticos.

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As opiniões aqui expressas são de responsabilidade de seu idealizador

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