A Ciência Política americana é admirada por 10 entre 10 cientistas políticos brasileiros. Os diversos sites de previsão eleitoral são citados na comunidade acadêmica. Modelos estatísticos criados por estatísticos e cientistas políticos americanos são referências para semelhantes brasileiros. Quais as lições do sucesso de Trump para os cientistas políticos atentos ao comportamento do eleitor?
Diversos sites especializados e órgãos de comunicação americanos, com exceção do jornal Los Angeles Times, em parceria com a Universidade South Califórnia, apontavam a alta probabilidade do sucesso eleitoral de Hillary Clinton. Trump era um “azarão”. Porém, Trump venceu e os analistas erraram.
A crença de que a vitória de Trump representava a tragédia para o mundo estava presente em diversas análises sobre a dinâmica da eleição americana. Tal crença, desconfio, contaminou a análise. Os atentos analistas da eleição estadunidense desprezaram o discurso do candidato republicano, o qual encontrava eco em considerável parcela do eleitorado. O discurso de Trump se resume a um único aspecto: Fazer diferente com o objetivo de resgatar os Estados Unidos. Eles também relegaram o voto “envergonhado” em Trump, ou seja, o voto não assumido.
Quando olhamos exclusivamente para os números e desprezamos os sentimentos dos eleitores, os quais, por vezes, não estão representados nos números, construirmos análises equivocadas do presente e deciframos erroneamente o futuro. Foi isto, desconfio, que ocorreu nas análises da eleição presidencial dos Estados Unidos. Trump inseriu na mente de parte dos eleitores, o sentimento de que ele é capaz de fazer diferente pelos americanos. E o seu discurso radical produziu o voto “envergonhado”.
O sentimento fazer diferente e o voto “envergonhado” não foram captados fortemente pelos institutos de pesquisas. Os analistas olharam exclusivamente para os números e desprezaram os sentimentos dos eleitores, os quais são dinâmicos e silenciosos. Vários analistas americanos predisseram erroneamente o resultado da eleição americana. Eles influenciaram a análise de diversos analistas brasileiros. Muitos eleitores são enigmáticos, não importam se são brasileiros ou americanos.
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