Por que o presidente Bolsonaro militarizou o seu governo? Duas explicações plausíveis: (1) o presidente gosta do jeito de ser dos militares, é um militar reformado e admira os princípios e valores das Forças Armadas; (2) o mandatário da República utilizará os militares em algum momento do seu mandato.
O ex-presidente Lula agradou os movimentos sociais, os sindicatos e servidores públicos. Quando precisava, como, por exemplo, no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a esquerda convocava os atores agraciados pelo lulismo. E eles obedeciam, em parte, ao chamamento. Movimentos sociais ficaram em longa vigília em Curitiba à espera da soltura de Lula. No exercício do poder podemos agradar atores e, depois, se necessário, solicitar o socorro deles.
O presidente Bolsonaro solicitará, em algum momento, o socorro dos militares? A cientista política Maria Hermínia Tavares, em recente artigo na Folha de São Paulo, mostrou que na Venezuela do ditador Nicolas Maduro, 30% das pastas do governo são ocupadas por militares. No governo Bolsonaro, 40% das pastas são ocupadas por integrantes das Forças Armadas. Compreensível o porcentual do país vizinho. Afinal, Maduro é um ditador. Mas Bolsonaro não é. Por isto, desconfio das intenções do presidente Bolsonaro para com os militares.
O presidente Bolsonaro é considerado pelo mercado como um liberal. A presença de Paulo Guedes no governo sugere a presença do liberalismo. Mas os eventos revelam que as boas intenções de Paulo Guedes, embora o ministro tenha déficit de sensibilidade social, são encobertas por declarações de Jair Bolsonaro que contrariam princípios liberais. Vejam como o atual chefe do Executivo trata a imprensa, as vítimas de balas perdidas, a agenda ambiental, os parlamentares democraticamente eleitos. Todos são desrespeitados ou não recebem solidariedade.
Os militares têm razão de participarem do governo Bolsonaro. E tem razões para desconfiarem das intenções do presidente. O atual presidente não é liberal. E, por consequência, não tem como principio maior, a valorização da vida democrática. Desconfio, permitam-me a confissão, talvez exagerada, de que o presidente Bolsonaro tem a seguinte estratégia em mente: “Se um candidato da esquerda em 2022 ameaçar a minha reeleição, eu convoco os militares para dizerem em alto e bom som que a volta do PT ou de outro partido desestabilizará o Brasil”. Em 2018, o general Villas Boas usou o twitter para afirmar que as Forças Armadas estavam atentas as suas missões institucionais.
Muito engraçado ler ” As boas intençoes de Paulo Guedes” decepcionante para um professor da Ufpe nao perceber quais sao as verdadeiras intençoes de Guedes.
Péssimo comentário, se contradiz em sua postagem, mostra logo de cara que é um esquerdista.