Temendo ficar sem trabalho, ex-moradores da Favela do Papelão cobram espaço para triagem de materiais recicláveis e dos animais usados para realizar as coletas

Na tarde desta terça-feira (06), nossa equipe acompanhou a mudança de algumas famílias que começaram a retirar seus pertences da Favela do Papelão (que fica as proximidades da Avenida Teonilo Silvestre) em destino as novas casas do “Minha Casa Minha Vida”.
Mesmo com a felicidade da ida para a nova casa, um impasse tem causado receio aos ex-moradores da favela que, de acordo com eles, dificulta o exercício de seu trabalho diário como catadores de recicláveis: a impossibilidade de levar, para os novos imóveis, os animais, produtos e carroças usados para coleta dos materiais por conta de ser um dos requisitos exigidos pela Caixa Econômica Federal para evitar a deterioração dos imóveis.



De acordo com Damião Bezerra da Silva, um dos catadores que vivia há 16 anos na favela, são nove os animais de grande porte existentes (jumentos, cavalos) e há uma reivindicação da Associação dos Catadores para que a prefeitura conceda um espaço definitivo para colocação dos animais, das carroças e dos produtos coletados (garrafas pet, papeis, papelão, latinhas etc.).
“Queremos que a prefeitura nos conceda um local permanente para que possamos trabalhar e gerar renda. Estamos preocupados, pois precisamos pagar as casas e ganhar o alimento de nossas famílias”, enfatizou Damião.
Damião relatou também que a prefeitura, através da diretoria de Meio Ambiente, cedeu em caráter provisório um espaço no terreno por trás da favela para colocação dos animais, carroças e materiais coletados.
Neste local, também se encontra a nova central de abastecimento, o que deixa inviável uma ocupação em caráter definitivo. Em entrevista concedida ao blog por telefone, o Diretor de Meio Ambiente Pablo Ricardo falou sobre o impasse com os catadores.

De acordo com ele, o terreno será ocupado provisoriamente por dez dias e que um galpão está sendo viabilizado para que seja implantado um centro de triagem dos produtos coletados, de modo a dar continuidade e melhores condições aos catadores.

Já quanto aos animais, o que poderia causar a proliferação de currais clandestinos no município, o diretor relatou que a prefeitura também está na busca de uma área e, indagado se essa solução seria alocada em tempo tão curto, Pablo afirmou:
Há chances desse prazo não ser cumprido. Isso é uma meta interna, mas que pode mudar (…). Queremos avisar aos catadores que eles tenham um pouco de paciência. Nós já tivemos algumas reuniões e eles perceberam a preocupação nossa de estarmos nos reunindo e debatendo. Está chegando ao momento crucial que é, exatamente, o que fazer com o ganha-pão deles”, destacou.
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