Durante esta segunda-feira (09) a equipe com profissionais do Blog do Ney Lima e da rádio Polo FM esteve percorrendo hospitais de quatro cidades da região.
O objetivo é o de trazer um panorama do surto de virose, sendo que estes quatro que foram escolhidos (excluindo-se Santa Cruz do Capibaribe, que já teve reportagens realizadas por estes veículos) vivenciam condições peculiares perante o quadro de epidemia que atinge mais de 100 municípios do Estado.
Sobre o surto de virose, até agora não foi publicado, por parte do Governo do Estado, um estudo conclusivo sobre o que, de fato, pode estar afetando milhares de pessoas.
O que se sabe é que os casos notificados, em sua maioria, são tratados seguindo o protocolo adotado em suspeitas de dengue, mas vale ressaltar que, em uma dessas cidades, já há casos de Febre Chikungunya confirmados.
A primeira dessas cidades retratadas nesta série será o município de Jataúba. Confira!
Com uma população estimada em quase 16 mil habitantes segundo o IBGE, o município também é um dos que enfrenta a situação de epidemia de virose, fator que leva centenas de pessoas ao Hospital Municipal local.
De acordo com a Secretária de Saúde Anne Gabriele, até 240 atendimentos diários são registrados, sendo que mais de 80% dos casos são associados ao surto de virose.
Entre esses sintomas mais destacados pelos pacientes são febre alta, dores pelo corpo e articulações, inchaço nos membros superiores e inferiores, dores de cabeça, diarreia, enjoo, manchas vermelhas e coceira.
De acordo com a secretária, o surto começou a ser percebido em Jataúba a partir do mês de agosto e se intensificou a partir do mês de setembro, fator este que tem crescido, segundo ela, com a chegada de pacientes vindos de outras cidades, entre elas cinco do estado da Paraíba.
O Hospital Público do município trabalha com apenas um único médico plantonista 24 horas, excluindo-se aqui os médicos de outras especialidades que realizam consultas seguindo calendários específicos.
O tempo de espera de cada paciente na fila pode ultrapassar, facilmente, mais de duas horas em horários de grande movimento.
“O plantão daqui é muito pesado, mas nós não precisamos fechar plantão. Eles (os profissionais do hospital) estão conseguindo, na medida do possível, dar conta da nossa quantidade de atendimentos”.
Durante a entrevista, Anne revelou um dado agravante sobre a situação de descaso por parte do Governo Estadual.
Segundo ela, apenas quatro testes de sorologia, que detectam que doença assola o paciente, são liberados por semana e que o município, ao ter acesso ao resultado desses testes, confirmou a presença da Febre Chikungunya.
“O estado de Pernambuco só libera quatro sorologias para Dengue e Chikungunya para o estado inteiro, por semana. Nós conseguimos quatro sorologias logo no início e, em duas delas, deu positivo para Chikungunya. Estamos trabalhando aqui, junto com os médicos da unidade e o município como um todo na tentativa de combater o (mosquito) Aedes Aegypti, que é o vetor transmissor. Ele pode estar transmitindo os dois ou mais vírus de uma vez” – disse.
Mesmo com a confirmação dos casos, a secretária alertou que não há necessidade de pânico por parte da população, muito embora ela alerte que o município pode chegar a ter até 100 casos da doença.
Ainda durante a entrevista, Anne revelou que o Governo Federal não tem repassado o larvicida usado pelos agentes de endemias do município para o combate as larvas do mosquito.
Segundo ela, há três meses que o repasse não é feito, fator que, segundo ela, é um dos principais para que o surto de virose tenha acontecido.
“Todos os municípios do estado estão sem o larvicida, fator que ocasionou tudo isso; esse aumento nos casos de Dengue e de Chikungunya, que era uma coisa que não estávamos preparados para estar trabalhando. De sexta-feira (06) até hoje, estamos com 532 atendimentos, coisa de 400 desse aí são de virose” – pontuou.
Outro fato destacado pela secretária é a quantidade de Agentes de Controle de Endemias (ACE). Segundo Anne, o município conta apenas com seis deles, número que a mesma admite como sendo insuficiente.
“Recentemente, eu fui para uma reunião com o Secretária Estadual de Saúde para solicitar mais apoio. Estamos com a UBV pesada (máquina de fumacê acoplada a veículo) com dois técnicos do estado e eles ficaram de encaminhar mais dois técnicos para ajudar no bloqueio aos focos positivos de (mosquito) Aedes” – pontuou.
A secretária também citou que a população também tem que auxiliar a fazer o seu papel, que é de auxiliar no combate aos focos do mosquito transmissor, evitando os focos de água parada.
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A Febre Chikungunya é uma doença parecida com a dengue e seu modo de transmissão mais comum é pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado.
Possui sintomas como febre, mal-estar, dores pelo corpo e de cabeça, apatia e cansaço. Possui grande diferença em relação a Zika Vírus e a Dengue devido a sua forma de acometimento nas articulações: o vírus avança nas juntas dos pacientes e causa inflamações com fortes dores acompanhadas de inchaço, vermelhidão e calor local.
Os grupos de maior risco são pacientes muito jovens e também idosos, que são mais propensos a manifestações graves da doença. Além da idade, a junção com outras doenças pode levar a morte. Em pessoas com mais de 65 anos, podem ter a taxa de mortalidade elevada em até 50 vezes quando comparados a adultos com menos de 45 anos.
Como ainda não existe medicação contra o vírus, o tratamento é feito apenas para aliviar os sintomas, além da ingestão de bastante líquido e repouso.
A detecção é feita através de vários exames, sendo um dos mais eficazes o exame de sorologia, com coleta de sangue.