22
abril

Artigo – Por Adriano Oliveira


As incertezas para 2022

 

Não tenho evidências, neste instante, para concordar com a previsão de Cesar Maia. O sábio político afirmou em entrevista a Folha de São Paulo de que Lula “deve ficar fora do 2° turno” da vindoura eleição presidencial. Considero que o PT deve estar. Com Lula candidato ou não. Faço esta assertiva considerando duas evidências básicas: 1) O PT, desde 1989, tem robusto desempenho na eleição presidencial; 2) Em 2018, mesmo com a intensidade da Lava Jato e com Lula preso, Fernando Haddad foi ao 2° turno.

Ainda restam várias incertezas para 2022. Lula será candidato? Considerando apenas a variável intenção de voto, o futuro é promissor para o ex-presidente. Entretanto, Lula precisará, durante a campanha, explicar as acusações de corrupção contra ele. Por outro lado, é possível que majoritária parcela do eleitor perdoe Lula. Neste caso, a explicação será desnecessária. Lula só será candidato se tiver a certeza de que vencerá a disputa.

O candidato do Centro tem chances? Sim. O desafio do competidor do Centro é encontrar a narrativa da campanha. Quando o Centro fala, ele só faz referência a falsa polarização entre Lula e Jair Bolsonaro. Esta polarização existe em virtude da fraqueza do Centro, pois, até o instante, foi incapaz de construir narrativa para conquistar o eleitor. E também em razão do tamanho do Lula. O adversário do Centro é, inicialmente, o presidente Bolsonaro. E não o PT. E nem Lula.

O melhor cenário para o candidato do Centro é o impeachment do presidente Bolsonaro ou a sua decadência por completo. Sem Jair Bolsonaro disputando a eleição, é provável que o candidato do Centro esteja no 2° turno contra o PT. E com chances de vitória. Pois o competidor do Centro poderá conquistar eleitores refratários ao PT, a Lula e a Jair Bolsonaro. Se o presidente Bolsonaro disputar a eleição em 2022 com baixa popularidade, o Centro também adquire chances de disputar o turno final contra o PT. Portanto, o melhor para o Centro é a derrocada de Bolsonaro e não do PT.

Jair Bolsonaro será candidato? Esta incerteza persiste. O presidente da República está sob pressão. A CPI da Covid pode trazer surpresas e colocar intensamente na agenda da opinião pública o impeachment. Não desprezo, portanto, que a disputa presidencial de 2022 venha a ocorrer sem Jair Bolsonaro. Contudo, restam ainda dois cenários para o presidente: 1) Ele pode disputar a eleição presidencial com baixa popularidade; 2) Ele pode concorrer a eleição para presidente com popularidade em recuperação. O que facilita o surgimento deste último cenário é a mudança de estilo do presidente. Isto é: em vez do confronto, o diálogo.

Qual será o impacto da Covid-19 nos desejos e sentimentos dos eleitores? Qualquer cenário robusto para a eleição presidencial requer decifrar os efeitos da grave pandemia no eleitor. Se a Lava Jato influenciou a escolha do eleitor na eleição presidencial de 2018, não descarto a hipótese de que a Covid-19 também influenciará.

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