05
junho

Série: Violência silenciosa


Os envolvidos na violência doméstica têm um perfil que pode ser identificado

 

 

A psicóloga Verônica Valadares explica que para trabalhar com mulheres vítimas de violência é necessário entender o perfil. “São mulheres que, primeiramente, elas são muito fragilizadas. Ela tem uma autoestima muito baixa, são mulheres que o principal, muito mais que a violência física, é a violência psicológica que faz com que elas fiquem dependentes desse homem”, esclarece.

 
Um fator importante é que muitas mulheres ainda tentam retirar a queixa contra o agressor, por uma série de fatores que vão além do medo que tem deles. “Tem gente que fala que cão que ladre não morde, mas nesse caso morde sim! Mata e faz coisas horríveis com a mulher e ela sabe disso. Ele ameaça ela, ameaça os filhos, ameaça a família que tiver, mãe, pai, o que for. A gente sabe que ela realmente tem muito medo disso. E fora isso a gente tem que entender que esse homem que bate nela, ele não é um desconhecido do meio da rua que ela conheceu agora. Ela criou toda uma história com esse homem”, elucida a psicóloga.

 
O perfil do agressor, atualmente, pode ser identificado com uma boa observação. De acordo com Verônica Valadares, em alguns casos o homem agressor começa o relacionamento super protegendo a mulher, afastando das amigas e proibindo amizades, começa a controlar os horários e as roupas que a mulher veste.  A agressão, normalmente, só vai acontecer depois do casamento. Quando os últimos laços afetivos são afastados e não há a presença constante da família.

 
“Só que a da mulher que está passando por isso, ela dificilmente vai lhe indicar. Até porque esse homem, ele consegue passar como o bonzinho. Esse controle dele passa por cuidado. E as pessoas que convivem com ela confundem muito isso também com cuidado”, explica Verônica.

 
De acordo com a psicóloga, a mulher começa a acreditar que é culpada por ser agredida, porque o agressor diz que ela é culpada, que está tentando protege-la. “Ele não é 100% ruim. Ninguém é 100% ruim. Então ele tem momentos que ele vai ser bom pra ela. E aí como ela já tem um vinculo afetivo (ela tende a compensar com esse momento bom). Até porque, no próprio ciclo da violência, depois de um ataque, ele tem um momento bom”, ressalta.

 
E a cada ataque há um momento de bondade, o agressor tende a compensar a violência com presentes e promessas que nunca mais acontecerá uma agressão física. E a mulher tende a acreditar. Porém, muitas vezes a vítima intensifica a culpa, passa a acreditar que é responsável e que merece a agressão.

 
“É quando ela chega e vai contar pra mãe que apanhou, a mãe ou a amiga olha pra ela diz “fizesse o que para ela fazer isso?”. É a primeira coisa, “fez o que?”. Não é ele que tá errado, é ela que fez alguma coisa. E aí ela vai se fechando cada vez mais, porque ela acha que a culpa é dela”, aponta a psicóloga Verônica Valadares.

 

Observar o cotidiano das pessoas possibilita na identificação já que, em casos de agressões físicas, as marcas sempre são evidentes. Os casos de violência doméstica tem que ser denunciados e já há na gestão pública meios para denunciar o agressor e proteger a vítima.

 

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