28
outubro

Coluna


A Multiplicação dos Pães e o Rapaz dos Peixes

 

Podemos descrever, resumidamente, a história da primeira multiplicação dos pães e dos peixes contada pelos evangelistas nos evangelhos (Mt.14:13-21; Mc.6:30-44; Lc.9:10-17; Jo.6:1-14).

 

Jesus convidou seus discípulos a atravessar o mar da Galiléia e irem a um lugar solitário repousar um pouco. Pessoas de várias cidades afluíram para lá. Ao desembarcar, lá estava uma grande multidão. Jesus se compadeceu dela e começou a ensinar as verdades do Reino e curar seus enfermos.

 

O lugar era deserto, já era tarde e não tinha onde comprar pão para um aglomerado de cinco mil homens, fora mulheres e crianças. André informou que há entre o povo um rapaz com cinco pães e dois peixinhos. Jesus distribuiu aos famintos o alimento, que por sua vez, se multiplicou… e se multiplicou!… Todos comeram e se fartaram. Percebendo, os homens, o sinal que Jesus fizera, exclamaram dizendo: “Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo”.

 

O objetivo primordial da narrativa é revelar a glória de Cristo. Mas queremos focar, por agora, no nobre rapaz que tem nas mãos cinco pães e dois peixinhos. Podemos chamá-lo de “O Rapaz dos Peixes”. Ele nos ensina que:

 

1.  No Reino de Deus há Espaço para Todos os Anônimos (Jo.6:9a)  “Está aí um rapaz…”

 

Apesar de contada em todos os evangelhos, só em João a história destaca o rapaz do peixe, que por sua vez, é um anônimo – sem menção de idade, família ou endereço. Um rapaz sem nome, mas com seu espaço no Reino, com sua vida incluída nos planos do Mestre, afinal, “convém que Ele cresça” (Jo.3:30).

 

A Bíblia está repleta de anônimos assim, discretamente entram em cena, e prestam diligentemente seu serviço à Deus, tributando-Lhe glória. O que dizer da menina escrava da casa de Naamã, e da pobre viúva que com desprendimento ofertou tudo que tinha? O que dizer  do centurião romano, que por causa do criado enfermo, procurou Jesus, demonstrando-Lhe grande fé? E a mulher Cananéia, que se contentou com as migalhas?

 

O céu está povoado de anônimos assim, gente sem outdoor, desconhecidos para muitos, porém reconhecidos e lembrados por Deus. Seus nomes estão arrolados nos céus. Este rapaz milenar nos ensina que não devemos nos importar com o anonimato. Deus seja louvado!

 

2.  O Pouco com Deus é Muito (Jo.6:9)  “…cinco pães e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente?”.

 

A demanda é realmente grande e os recursos são poucos, além do mais, nem tem onde comprar nada. Que deserto!

 

Parece mesmo um beco sem saída. Deus nos experimenta e sabe muito bem o que está por fazer (Jo.6:6). Aos que ali estavam, e à nós, que aqui estamos, Jesus diz que é o Cristo da multiplicação.

 

Deus é “poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos” (Ef.3:20). Para Deus tudo é possível, inclusive alimentar uma grande multidão com o lanche de um rapaz. Somos convidados a oferecer tudo o que temos a Deus, muito ou pouco, não importa. Moisés tinha apenas um insignificante cajado na mão, Gideão é o menor da casa de seus pais, Davi o mais moço, e a viúva pobre ofereceu apenas duas míseras moedas.

 

Para Deus tudo isso é suficiente, contanto que apresentemos diante dEle o que temos. Do pouco Ele faz muito. Ele faz tudo, até do nada.

 

3.  A Generosidade é o Evangelho em Ação (Jo.6:11)  “Jesus tomou os pães e… distribuiu-os entre eles”.

 

Não há espaço para o egoísmo nesse anônimo coração, só se ver nele partilha e altruísmo. O rapaz do peixe não vive para si, seu lanche é de todos, “mais bem-aventurado é dar que receber” (At.20:35). Interessante como o moço aprendeu tão rápido o que é ser discípulo.

 

Ele prepara sua marmita, sai de sua casa peregrinando por lugares solitários no propósito de ouvir as novas do evangelho, e então, põe em prática tudo o que aprendeu, predispõe-se a partilhar seus pães e seus peixes. Quando se esperava dos discípulos alguma sugestão administrativa mágica para o impasse, aparece o rapaz do peixe.

 

O aluno dos alunos de Cristo mostra que compreendeu o evangelho. De fato, Deus nos chamou para a bem, “tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes” (Mt.25:35,36). Cristianismo e generosidade andam de mãos dadas.

 

4.  De Deus Somos Cooperadores (Jo.6:14)  “Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo”

 

Interessante como o rapaz dos peixes contribui e se torna instrumento importante para a glorificação de Cristo. O milagre foi realizado à partir de elementos já existentes e presentes nas mãos de alguém que não faz questão de cooperar, “de Deus somos cooperadores” (I Co.3:9).

 

A provisão neste caso, não caiu do céu como o maná, nem surgiu da rocha, como na peregrinação de Israel. Veio da mochila de um rapaz que queria somar com o Cristo que pensava em multiplicar. Há lugar para todos os fiéis no Reino de Deus, todos são chamados a cooperar.

 

No episódio em particular, os discípulos cooperaram na administração, a multidão na organização, e o rapaz na doação. Resta saber agora, se o que é nosso está também disponível ou vamos continuar escondendo o que temos: nossos bens, nossos talentos, nossos dons, enfim, nossa vida. O rapaz do peixe é cooperador de Deus e dos homens.

 

Assim seja!

 

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