20
novembro

Sessão quente no legislativo em Santa Cruz


Problemas com a coleta de lixo, saída de médicos cubanos, possibilidade de interdição do matadouro e voto de repúdio contra prefeita de Caruaru esquentam discussões

Na tarde desta terça-feira (20) foi realizada mais uma sessão ordinária na Câmara de Vereadores, em Santa Cruz. Na sessão, os 17 vereadores compareceram, onde discutiram oito projetos de Lei e também alguns requerimentos.

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Os projetos:

Três deles foram retirados, quatro foram aprovados e um foi apresentado às comissões. Dos aprovados, um deles, o 119/2018 de autoria de Marlos da Cohab (Podemos), foi o que provocou os primeiros embates.

O projeto obriga o município a emitir boletos para pagamento das taxas pelos feirantes do Calçadão Miguel Arraes.

Se de um lado os oposicionistas alegavam que a proposta traria mais transparência quanto aos recursos arrecadados e criticavam a gestão, de outro lado os governistas rebatiam, relatando que há sim investimentos no local pela gestão municipal.

“Se diz que o Calçadão está com 90% de inadimplência, mas não podemos ver isso se os pagamentos são feitos de forma avulsa e não vemos essa contabilidade. Com esses boletos, veremos onde está indo esse dinheiro e vai ter uma conta específica para ele ser depositado. Assim podemos ver quem sacou esse dinheiro e como ele foi usado” – disse Marlos.

 

“Temos sim tido essa divulgação do Calçadão, até mesmo em conjunto com o Moda Center. Essas melhorias feitas pela gestão não param e dão continuidade, sempre de acordo com a necessidade dos feirantes. Temos colocado sim todas essas demandas” – disse Jessyca Cavalcanti.

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O voto de repúdio e o bate-boca

Minutos após a discussão do projeto de Marlos, veio à pauta de requerimentos, um deles o voto de repúdio do vereador Carlinhos da Cohab (PTB).

Direcionado contra a prefeita de Caruaru Raquel Lyra (PSB) e também a autarquia de trânsito DESTRA, o voto alegava que ambos estariam perseguindo os toyoteiros que levam e trazem passageiros a aquela cidade.

Vários toyoteiros também acompanharam a sessão, onde alegaram estar sofrendo com forte fiscalização da DESTRA, além da impossibilidade de rodar em Caruaru na busca por passageiros e estarem recebendo multas pesadas sem que algo semelhante seja realizado em Santa Cruz.

Jessyca foi a primeira a se posicionar contrária ao requerimento, chamando a atitude de precipitada. Segundo ela, um canal de diálogo aberto com a gestão de Caruaru, inclusive para discutir a forma que os toyoteiros estão sendo tratados em uma reunião marcada para 03 de dezembro.

Já Carlinhos da Cohab rebateu a vereadora com fortes críticas, chegando a citar que ela estaria contra a categoria e que a prefeitura estaria se omitindo, segundo ele, em não fiscalizar não só os toyoteiros de Caruaru, mas a empresa de ônibus Caruaruense, constante alvo de reclamações por superlotação de passageiros.

Um fato que chamou a atenção foi que, minutos após, a vereadora Jessyca solicitou que a sessão fosse interrompida por cinco minutos para se reunir com sua bancada.

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O bate-boca: Após o tempo, foi retomada a discussão do voto de repúdio. No momento em que a cobrava respeito a Carlinhos da Cohab pelas críticas feitas, Joab interferiu, gerando o bate-boca:

Foto: Melqui Lima (reprodução)

“Você só sabe defender essa quadrilha. Vá ficar com sua quadrilha lá, você e Edson Vieira. Você votou contra os toyoteiros e vai se torar” – disse Joab.

“Estou sim com o prefeito Edson Vieira e não venha não. Esquema quem fez foi o senhor em prometer aquelas casas. Está lá no Ministério Público. Não sou da sua laia” – disse Jessyca.

A sessão acabou sendo interrompida novamente, desta vez a pedido de Zé Minhoca, por 15 minutos. Com a volta das discussões, a surpresa ficou com a bancada de Edson Vieira, que foi representada pelo seu líder, o vereador Val (SD).

O não posicionamento de Jessyca foi bastante criticado pela Oposição e o voto de repúdio acabou sendo aprovado por unanimidade.

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Os discursos

Os problemas com a coleta de lixo, a saída de médicos cubanos que fazem parte do programa Mais Médicos, a possibilidade de interdição do matadouro e voto de repúdio contra prefeita de Caruaru foram os temas dominantes, que podem ser resumidos nos seguintes discursos:

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Toinho do Pará mostra preocupação com possibilidade de interdição do Matadouro

“Esse é um comercio que movimenta muito e nas outras cidades que nos circulam, os matadouros são pequenos e não suportariam a demanda de Santa Cruz. Deveríamos fazer uma reunião para discutirmos isso, um Termo de Ajuste de Conduta, para que esse matadouro possa não ser interditado. Os órgãos fiscalizadores já fizeram intervenções em minha gestão e tomamos decisões para que ele não fosse fechado” – disse.

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Augusto Maia destaca saída dos médicos cubanos que atuam em Santa Cruz

“Foi divulgado que Santa Cruz perderia 11 médicos, mas não foi divulgado que se abriria 8.500 vagas para que esses médicos brasileiros se inscrevam no programa ‘Mais Médicos’ em todo o país. É preciso que a prefeitura também busque esses médicos para que não se passe do prazo e que a cidade não perca essas vagas. Santa Cruz terá 10 vagas disponíveis” – disse.

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Capilé cobra fiscalização da prefeitura aos ônibus da Caruaruense

“Não se tem nenhuma ação da prefeitura em defesa dos toyoteiros. Outra coisa que venho batendo é que esse problema só vai ser resolvido quando a fiscalização pegar a Caruaruense. Se notarmos, ela sai diariamente lotada e, a partir do momento que se passa o limite de passageiros e de peso, ela comete um crime. Infelizmente a fiscalização não está acontecendo e assim que essa fiscalização for colocada, quando a prefeita sentir no bolso, ela vai saber o que é a força dos toyoteiros” – disse.

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Marlos da Cohab chama prefeito de ‘covarde’ por problemas na coleta do lixo

“A cidade está ficando coberta pelo lixo e faz tempo que ele não cumpre suas obrigações nessa área. Perdemos o aterro e o selo verde, enquanto várias cidades já acabaram com seus lixões. O prefeito não cumpre com suas obrigações, desvia o dinheiro, está com uma dívida de mais de três milhões com a Vialim e só pensa em fazer acordos. Quero saber onde se está investindo o dinheiro do município. Se não se tem dinheiro para se retirar o lixo, onde essa cidade vai ficar? O prefeito é irresponsável, um covarde e está se omitindo” – disse.

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“Essa vereadora deveria ser vereadora de Caruaru”, diz Carlinhos da Cohab

“Jessyca e Edson são carne e unha com Raquel Lyra. Ela tem orgulho de dizer que está com ela. A vereadora colocou que a discussão é necessária, mas vejam a forma de como a classe de toyoteiros é tratada. Não se pode falar em Raquel Lyra e essa vereadora deveria ser vereadora de Caruaru. Deveria ter vergonha, deixar de ser cínica e ter coragem e ir a tribuna e dizer porque era contra o meu voto e repúdio” – pontuou.

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Pipoca rebate críticas de Marlos

“Quando ele fala nessa questão do lixo, pensei que o vereador Marlos também falaria que o governo do estado não passa material para as carteiras de identidade, que deve recursos a empresa Casa de Farinha, que pode suspender a merenda nas escolas… São várias questões e ele se cala. Conversei com o secretário e ele me disse que, em cinco dias, esse problema com o lixo vai estar normalizado”.

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“Não vi uma mulher de coragem, mas sim de falta de coragem” – diz Junior Gomes

“Ela tem uma frase que diz que se rotula como ‘uma mulher de coragem’, e vimos essa “coragem” quando ela falou, de forma veemente, que ia se abster de votar nesse requerimento, mas depois disse que votaria contra ao voto de repudio contra Raquel Lyra. Não podemos estar em cima do muro. Ou estamos a favor dos toyoteiros ou não estamos. A partir desse momento, não vi uma mulher de coragem, mas sim de falta de coragem. A senhora pediu que se interrompesse a reunião por cinco minutos e depois deixou que Val votasse pela bancada, mas não disse porque mudou de opinião” – frisou.

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Deomedes cobra discussão sobre problemas enfrentados por Toyoteiros

“Sobre os toyoteiros, na reunião que vai se ter, tem que ir todos os vereadores, tem que se convocar o vice-prefeito, o prefeito e os deputados… Tem que ir todo mundo a Caruaru. Se e guerra é guerra, se é paz é paz… Caruaru tem que respeitar nossos toyoteiros. Temos que nos organizar em ter rapidamente essa reunião, urgentemente, para se debater o interesse deles” – frisou.

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Jessyca rebate críticas e justifica mudança de posição contra voto de repúdio a Raquel Lyra

“Na semana retrasada, vocês toyoteiros nos convidaram e estive aqui. Hoje, o que aconteceu foi uma discussão, que havia uma reunião agendada no dia 03 de dezembro com a gestão de Caruaru. Quando um vereador apresenta um voto de repúdio, no meu entender poderíamos aguardar e, se houvesse resistência, poderíamos apresentar dois, três, quatro ou vinco. Quando se estabelece o dialogo, é importante se ouvirmos as partes. Fui lá dentro ouvir a minha bancada e eles entenderam que era melhor o voto de repúdio. Estou aqui para fazer o meu mandato e Junior: ser flexível não é ‘falta de coragem’, mas sinônimo de vida, diferentemente de alguns que só vem cuspir aqui no microfone” – concluiu.

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