22
novembro
Mobilização em redes sociais resulta em novo protesto contra a insegurança em Santa Cruz
Na manhã desta terça-feira (22) mais um protesto contra a insegurança foi realizado em Santa Cruz do Capibaribe. A mobilização, que reuniu cerca de 200 pessoas, teve início na Câmara de Vereadores onde o grupo de manifestantes, grande parte vestindo roupas pretas, lotou os assentos do plenário da Casa de Leis.
De acordo com organizadores, a mobilização aconteceu a partir de redes sociais e grupos do aplicativo de mensagens WhatsApp.
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Durante vários momentos, o clima permaneceu tenso no plenário, tendo por várias vezes a intervenção do presidente da Casa, na tentativa de acalmar os ânimos.
Acompanhando a sessão ordinária, os manifestantes (alguns também com cartazes) cobravam dos vereadores das duas bancadas uma maior atuação na cobrança por políticas de enfrentamento a insegurança, assim como deram sua demonstração de apoio a realização de uma audiência pública com várias autoridades do município e do Estado.
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Dos manifestantes presentes, quatro deles foram escolhidos para falar na tribuna, onde expressaram ideias e cobranças, onde dois podem ser destacados.
“É disso que Santa Cruz precisa, ser ouvida por aqueles que estão nas ruas. Isso sim, porque somos nós que estamos passando por isso tudo. Não estou só representando a minha classe (de mototaxistas) mas uma cidade que eu amo, que eu nasci aqui. Não vamos deixar esses bandidos acabarem com nosso comércio. Isso é triste” – Lucivaldo (mototaxista).
“Tiro meu chapéu para os policiais, porque sei que eles querem trabalhar, mas falta assistência. Uma vez em que fui vítima de assalto, faltou gasolina na viatura. Isso é verdade, não estou aqui de mentira. Não tinha e eles disseram: Nós queríamos dar uma busca, mas não tem combustível para o carro. Fiquei muito triste e comovida. Sou filha natural de Santa Cruz e nunca vi violência como essa. Quero que todos se unam em prol dessa cidade. Santa Cruz pede socorro e só sabe quem passa por isso” – Andreza (microempresária vítima de seis assaltos, sendo três deles com sua casa invadida).
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Terminada a sessão na Câmara, os manifestantes seguiram, por várias ruas, em direção a Prefeitura, onde lá buscavam falar com o prefeito do município.
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Ao chegarem ao seu segundo destino, o grupo de manifestantes passou a cobrar a presença do prefeito Edson Vieira (PSDB) para que falasse com os mesmos, mas receberam a resposta de que o prefeito não se encontrava na cidade.
De acordo com informações de funcionários, Edson Vieira estava em agenda oficial na capital pernambucana. A partir desse momento, os ânimos se acirraram e muitos dos discursos ganharam tom político, com diversas críticas ao prefeito (onde muitos alegaram que ele estaria fugindo da discussão) e a participação de vereadores e lideranças do grupo de Oposição local.
A secretária de governo Priscilla Ferreira propôs que uma comissão entre os manifestantes fosse formada para falar com a mesma em seu gabinete, porém a proposta que não foi aceita por parte dos manifestantes, que exigiam que a mesma saísse para falar com os presentes. Populares que também alegaram ter sido vítimas da insegurança também deram seus relatos.
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Dos vereadores governistas, o único que falou com os manifestantes na prefeitura foi Dida de Nan (PSB), que também tentou a formação da comissão para falar com a secretária de governo, mas sem sucesso.
Como não houve acordo, o grupo saiu em direção ao Ministério Público, mas lá também não foi atendido. De acordo com funcionários do órgão, a promotora estava em uma audiência no fórum do município, o que inviabilizou a conversa dos mesmos com a promotoria.
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Conversando com o pastor evangélico Lucas Evangelista, um dos organizadores do protesto, a ideia é continuar com as mobilizações em redes sociais, inclusive com a possibilidade de organizar um grupo de manifestantes para ir a cidade de Recife, protestar em frente ao Palácio do Campo das Princesas, onde fica o governador Paulo Câmara (PSB).
“Foi um movimento feito em redes sociais, quase que a toque de caixa e quase não fizemos nenhuma divulgação. O que precisamos entender é que este foi um primeiro ato, um desejo de um povo como foi colocado. Temos sim o interesse de nos mobilizarmos e iremos, se for o caso, ao palácio e acampar lá, na espera de sair só quando o governador nos atender, isso se não houver uma resposta de imediato quanto a essa insegurança” – frisou.
Embora o requerimento para a audiência pública tenha sido votado e aprovado por unanimidade, ainda não há uma previsão para quando ou se a mesma poderá acontecer.