27
julho

“Eu também já fui vítima!” – A nova série de reportagens do Blog!


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“Fui vítima 10 vezes de assalto e tento seguir em frente com ajuda de amigos”

Afirma pequeno comerciante vítima da criminalidade em Santa Cruz do Capibaribe

 

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Em meio a prateleiras quase vazias, comerciante desabafa sobre ter sido vítima 10 vezes da insegurança

O Blog do Ney Lima abre a sua mais nova série de reportagens, com foco na criminalidade e na violência enfrentados por Santa Cruz do Capibaribe.

Através de relatos de pessoas reais e de cara limpa frente as câmeras, o leitor terá a oportunidade de conhecer histórias de pessoas que foram vítimas não apenas uma única vez pelos protagonistas do mundo do crime, mas várias vezes.

Para abrir essa série, de título “Eu também já fui vítima!”, entrevistamos o comerciante Edvaldo Gomes de Souza (46 anos, conhecido por “Val do Mercadinho”), 15 deles dedicados ao seu pequeno mercadinho, no bairro Bela Vista.

Por conta dos constantes assaltos que sofrera, ele relata uma história que alia dificuldades financeiras, os vários traumas emocionais e também a solidariedade de amigos para poder seguir em frente.

Confira a entrevista:

Blog – Quantas vezes o senhor e seu estabelecimento já foram vítimas de assalto?

Val – Fui vítima 10 vezes e a maioria deles foi de dois anos para cá.

Blog – Antes de começarmos essa entrevista, o senhor relatou que foram oito assaltos nesses últimos dois anos. De todos eles, qual o que mais lhe marcou?

Val – Foi o último assalto. Um cara de maior e outro de menor. Os dois colocaram as armas em cima de mim, deitou a mim e ao meu colega no chão. Eu tinha pouco dinheiro e eles pegaram várias bolsas, encheram de mercadorias e levaram. Isso me deixou muito triste.

IMG_5720Blog – Quando foi esse último assalto e o senhor já chegou a contabilizar os prejuízos?

Val – Tem cerca de 21 dias, num sábado à tarde, por volta de 13h30. Estávamos eu e um colega. Levaram o celular dele, o meu… estava com pouco dinheiro, cerca de R$ 150,00 no bolso. Eles acharam pouco e levaram a mercadoria. Eu creio que em torno de R$ 1000,00.

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“Ficam o trauma e as dívidas. As pessoas a quem você deve não querem nem saber que você foi assaltado ou não”

 

Blog – Como está sendo para o senhor sobreviver, diante de tantos prejuízos?

Val – Olha… Os bens são o que menos importa, mas ficam o trauma e as dívidas. As pessoas a quem você deve não querem nem saber que você foi assaltado ou não. O que eles querem é receber. Tenho recebido a visita de muitas pessoas que estão me cobrando aqui na porta e, às vezes, não querem entender o momento. Eu digo: “Rapaz, fui vítima de vários assaltos, fui destaque no estado como o comerciante mais assaltado do meu bairro e você não quer entender que estou te devendo, mas vou te pagar”. Não estou devendo porque quero. Fui vítima de vários assaltos, levaram muitas mercadorias minhas, muito dinheiro meu e, infelizmente, me encontro nessa situação de não poder pagar no momento. Assim que as coisas melhorarem para mim, volto a pagar a todos.

Blog – O senhor pode mensurar quanto o senhor já teve de prejuízo material total, já que o emocional fica para o resto da vida?

Val – Eu creio que cerca de R$ 30 mil ao longo desses 10 assaltos.

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“Fico até com vergonha, pois chegam os clientes me perguntando: Val, você tem tal coisa? Eu digo que não tenho” 

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Blog – Percebemos que a quantidade de itens que o senhor oferece aqui são poucas, até porque o senhor disse que está tentando pagar esses credores. Vendo isso, podemos dizer que o senhor está com dificuldades financeiras?

Val – Estou passando por sérias dificuldades financeiras. Sou muito conhecido aqui no bairro, abro de domingo a domingo, as 6h as 22h e fico até com vergonha, pois chegam os clientes me perguntando: Val, você tem tal coisa? Eu digo que não tenho. Meu comércio caiu 95% por conta desses assaltos. Os fregueses chegam para comprar mercadoria, não tem e vão comprar em outro lugar. Eu só tenho a lamentar.

Blog – Mesmo com todos esses prejuízos, já passou pelo senhor o pensamento em fechar as portas?

Val – Eu tenho pensado muito em encerrar (as atividades), mas amigos meus estão me dando o maior apoio e dizem: “Val, não desista que, infelizmente, é essa a situação de nosso país, de nosso estado e nossa cidade. Se todo comerciante que for assaltado desistir, como vai ser? Isso é a sua sobrevivência”. Estou tentando seguir em frente, mas no momento está muito difícil.

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“Praticamente eu estou a zero de mercadorias e essa rifinha já vai me ajudar”

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Blog – O senhor chegou a postar, em redes sociais, que estaria sobrevivendo graças a ajuda de amigos para poder seguir em frente. Que tipo de ajuda seria essa?

Val – Eu divulguei uma rifinha no valor de R$ 5,00. Não fui eu que fiz a rifa, mas um colega meu, que já viu a minha situação e me disse: “Vamos fazer uma rifinha? Pelo menos isso vai poder amenizar a sua situação, que é difícil”. Até por necessidades estou passando. Praticamente eu estou a zero de mercadorias e essa rifinha já vai me ajudar a poder ter um recomeço. O meu negócio quase chegou a zero. Para se ter uma ideia, eu recebi, emprestado de amigos, seis grades de cerveja e três de pitu para ir prestando contas aos poucos daquilo que vou vendendo, tirando apenas o lucro. Isso já é uma ajuda a mais que me dão e agradeço mesmo esse apoio.

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Prateleiras quase vazias já são rotinas que entristecem o comerciante

Blog – Qual o recado que o senhor deixa a população sobre a insegurança, já que o senhor é prova viva de quanto ela é prejudicial.

Val – O recado que eu deixo, eu direciono a nossos governantes, para que passem a lutar por mais segurança para nossa cidade. Eu ainda acredito nos governantes, que eles podem fazer alguma coisa por nós. Estamos precisando. Estou em situação difícil, mas acredito que posso me reerguer com a ajuda de Deus.

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