O Blog do Ney Lima encerra nesta sexta-feira (05) a série de reportagens sobre a campanha do Ypiranga em 2006. Neste episódio destacaremos os bastidores da partida, que culminou em uma “tragédia”, após um pênalti perdido por Júnior Amorim contra o Estudantes.
Para assegurar presença na decisão do título do Campeonato Pernambucano e ainda conseguir uma vaga na Copa do Brasil, o Ypiranga, até então líder com 17 pontos, precisava apenas vencer. Mesmo com uma derrota ou um empate, o time também poderia conseguir o título. Para isso, bastavam que Santa Cruz e Sport perdessem seus jogos.
Para dar mais ânimo ao elenco alviazulino, o ex-presidente Flávio Pontes, falou a nossa reportagem sobre uma premiação estipulada pela diretoria e empresários locais para que o clube possa conquistar o título.
“Naquele jogo que valia o título, nós tínhamos um valor estipulado pelo clube, e decidimos que o Ypiranga só poderia pagar um valor, a diretoria e alguns empresários decidiram por alguns valores, que eram expressivos pra época e que foi feito de premiação para o elenco ganhar aquele título” – falou Flávio Pontes.
Estudantes e Ypiranga se enfrentaram no município de Timbaúba. No início da partida, a equipe da Capital da Moda partiu pra cima, a primeira oportunidade foi logo no primeiro minuto, o volante Bia chutou de fora da área, porém a bola passou sobre a meta do goleiro Mondragon.
Em seguida, após bola alçada na área, o atacante Júnior Amorim cabeceou firme, que obrigou o goleiro adversário a fazer uma bela defesa, porém ainda no primeiro tempo, a equipe do Estudantes começou a crescer na partida, em um dos cruzamentos, o atacante Valdir Papel tocou para Fernando Pilar, que obrigou o goleiro Romero a realizar uma grande defesa.
Os primeiros lances da partida deram as impressões de que o Ypiranga seria o dono do jogo, porém aos poucos o adversário crescia em campo como revelou o torcedor Jeferson Lulu.
“Nós vimos um Ypiranga nos primeiros dez minutos da mesma forma que vinha jogando durante o campeonato, aquele time forte, determinado e decidido, mas de repente ficou apático, não atacou, não desenvolveu mais aquele futebol que estava mostrando” – declarou.
Com poucas chances claras no primeiro tempo, as equipes foram para o intervalo sem balançar as redes. O time santa-cruzense sentia a ausência do meia Wilson Surubim, que foi impedido de atuar na partida, devido a uma ocorrência no município de Toritama.
Restando apenas 45 minutos para decidir de vez o torneio, a comissão técnica e atletas se dirigiram até os vestiários, onde ocorreram as explicações do treinador Edson Leivinha aos jogadores para discutir os erros do jogo.
O ex-volante da equipe Tony falou sobre as palavras de incentivo, repassadas pelo treinador Leivinha durante o intervalo.
“Ele falou que nós iríamos conseguir fazer o gol a qualquer momento, e que seria um jogo de oportunidade e, quando aparecesse tinha que matar e que a qualquer momento o gol iria sair” – revelou.
Aos 15 minutos do segundo tempo, o meia Mazinho Brasília tocou para o atacante Baiano, que invadiu a área e foi derrubado pelo zagueiro Marcos Pantera, pênalti, com a infração o zagueiro foi expulso da partida. Após a confusão, o atacante Júnior Amorim pegou a bola e colocou embaixo do braço, se aproximaram dele, o zagueiro Lima e o meia Mazinho Brasília.
“Quando aconteceu o pênalti, eu fui para a marca da cal, ele (Júnior Amorim) veio com a bola e eu perguntei “você vai bater?”e ele falou que “bateria”, então eu fiquei tranquilo e pedi que fizesse o gol em nome de nossas famílias, pois eu ganhava pouco e aquela premiação seria ótima para mim a para muitos do elenco” – revelou Mazinho Brasília.
“Eu peguei a bola para bater, pois tinha a certeza de que eu poderia marcar aquele gol, mas na hora que eu vi o goleiro caindo no lado que eu iria bater, eu tentei virar um pouco o pé, que acabou pegando de bico e infelizmente a bola subiu e foi pra fora. Eu soube depois que, o Valdir Papel (atuou com Júnior Amorim pelo Sport) teria dito ao goleiro, o lado que eu gostava sempre de bater. Enfim, aquele momento foi um dos piores da minha vida e até hoje tenho a certeza de que, acabei desperdiçando um sonho de muitos que torceram pela nossa equipe” – frisou Júnior Amorim.
De acordo com a visão do radialista Egídio Amorim, o mesmo afirmou que Júnior Amorim não estaria preparado para bater a penalidade.
“Foi muito estranho, quando ele pegou a bola para bater o pênalti, parecia que ele não tava com muita convicção para bater, não sei se ele sentiu com a responsabilidade todinha da cidade de Santa Cruz em cima dele. Quando ele foi bater, foi uma coisa estranha, que ele chutou mais a areia do gramado do que a própria bola, então a bola passou além da meta e cobriu todo lance de arquibancada e alguns prédios que estavam por trás. Depois da cobrança, as pessoas entenderam que “a vaca já teria ido pro Brejo” – pontuou Egídio.
.Confira abaixo o vídeo da reportagem da partida, produzida pela Globo Nordeste para o Globo Esporte:
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Após a tristeza da perca do pênalti, cinco minutos depois, o atacante Carlinhos Bala abria o placar para o Santa Cruz no Arruda contra o Náutico.
“Aquele gol do Santa Cruz foi como se fosse a bomba de Hiroshima tivesse caída dentro do estádio, foi uma tristeza total e pra gente terminar o restante do jogo foi como se fosse a viagem daqui até lá em Timbaúba, foi uma dificuldade grande, todo mundo abatido, foi terrível” – lamentou Egídio Amorim.
O Ypiranga sentiu o pênalti perdido, com isso o Estudantes partiu pra cima e aos 36 minutos, Valdir Papel cabeceou a bola no travessão de Romero e, mesmo atuando com um a menos a equipe de Timbaúba passou a mandar na partida, enquanto que o time alviazulino se encontrava apático.
Após o apito final, restaram lágrimas para todos que estavam confiantes na vitória alviazulina, enquanto isso, o Santa Cruz fechava o placar em 2 a 0 no Arruda com direito a recado do atacante Carlinhos Bala direcionado ao presidente na época da Federação Pernambucana de Futebol (FPF-PE), Carlos Alberto Oliveira.
“Senhor presidente cadê a taça?, era pra ela tá aqui no Arruda e não no interior, porque time do interior não sabe ser campeão não e o campeão tá aqui” – desabafou Carlinhos.
“Foi uma semana em que o pessoal colocou os “pés pelas mãos”, foi um excesso de confiança de que já seriam pontos conquistados em Timbaúba e foi por isso que tudo deu errado” – disse Egídio Amorim.
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“Na nossa concentração tinham muitos dirigentes e torcedores, achamos até que aquele momento poderia ser só nosso como sempre estávamos acostumados” – pontuou Mazinho.
Na época muitos relatos surgiram de que o atacante estaria com uma camisa alusiva a um grupo político local, diante do nosso questionamento, o mesmo respondeu.
“De forma nenhuma existia essa camisa política por baixo do meu padrão de jogo, até mesmo porque quando eu fechei o acordo com o pessoal, eu mesmo informei que não interferissem no meu trabalho dentro das quatro linhas, mas isso é um boato que surgiu naquele tempo e tenho a minha consciência tranquila quanto a isso” – finalizou.
Confira abaixo o áudio dos principais momentos da partida, com a equipe esportiva de 2006 da Rádio Comunidade FM de Santa Cruz do Capibaribe, que teve a narração de Maurício Sobrinho, reportagens de Jota Oliveira e Egídio Amorim, comentários de Hamilton França e Jason Lagos e plantão esportivo, Rafael Teles.
Obs: o áudio foi extraído de uma fita K-7 e oscila em alguns momentos.
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Segundo o torcedor Lulu, a torcida direcionava as críticas diretamente ao Júnior Amorim.
“Nós tecemos duras críticas á ele na reapresentação, apesar de que tinham alguns que defendiam, mas era um clima tenso, pesado, e chato e creio que, psicologicamente essas coisas pesaram e foi difícil se manter no time” – frisou Lulu.
Flávio Pontes revelou que um dos motivos da saída, seria o corte de gasto por parte da diretoria e a boa proposta recebida do CRB (AL) pelo atleta.
“O time sentiu um pouco e não estava com a cabeça legal, ele (Júnior Amorim) tinha uma proposta do CRB e a equipe já estava garantida entre as quatro. Houve uma proposta salarial maior e a gente tinha de certa forma diminuiu um pouco os gastos, mas tinha também a parte da pressão da torcida, mas depois daquele jogo fez gols aqui em casa, era guerreio, batalhava muito e experiente, então apareceu uma oportunidade era uma coisa boa e não tínhamos como segurar” – relatou Flávio Pontes.
O Ypiranga encerrou o campeonato na terceira colocação com 33 pontos, 18 jogos, 9 vitórias, 6 empates e 3 derrotas e comandada pelo ex-técnico do Botafogo (RJ), Ernesto Guedes.
Por onde andam?
Romero (goleiro) – Joga atualmente no Porto de Caruaru;
Israel (lateral-direito) – Seu último clube foi o Auto Esporte (PB) e atualmente estuda Educação Física;
Nenem (zagueiro) – Promotor de vendas no município de Garanhuns;
Lima (zagueiro) – Comentarista esportivo e formação em treinador de futebol;
Jorge Guerra (lateral-esquerdo) – Reside no interior do Ceará;
Bia (volante) – Jogou na equipe do Vera Cruz (PE) no estadual de 2015;
Tony (volante) – Jogador de futebol no Guarany de Juazeiro (CE);
Wilson Surubim (meia) – Participa de competições amadoras em society na região;
Mazinho Brasília (meia) – Formação em treinador de futebol;
Júnior Amorim (atacante) – Reside em Belém do Pará, proprietário de um bar e restaurante e seu último clube foi o Santa Cruz (RN);
Jessuí (Atacante) – Jogador de futebol no Maranguape (CE);
Edson Leivinha – Treinador do Guarany de Juazeiro (CE).
Acho que foi um dia que a cidade ficou com cara de enterro. A gente em Timbaúba não acreditava.
Vocês deveriam ter vergonha e sensibilidade, tragédia e o sangue dos nossos nunicipés jorrando nas ruas pelas mãos da bandidagência e a falta de apoio à polícia que vive enxugando gelo, prendendo e solando essa malta de criminosos que tiraram a nossa liberdade de sair as ruas, e agora invadem as nossas casas, isso sim é uma tragedia, também sou fã do futebol e digo que o que houve em timbauba foi uma consequência da falta de apoio psicológico de nossas equipe assim como houve com nossa seleção no mundial da franca e a pouco tempo aqui na copa recente, tragédia e uma palavra muito forte que remete a percas mediante uma desgraça profunda assim como os acidentes que ocorrem todos os dias em nossa famigerada pe_160 isso sim é uma tragedia.