05
fevereiro

Reportagem Especial – Blog do Ney Lima


“10 anos da tragédia em Timbaúba” – Parte Final

 

01 10 Anos

 

O Blog do Ney Lima encerra nesta sexta-feira (05) a série de reportagens sobre a campanha do Ypiranga em 2006. Neste episódio destacaremos os bastidores da partida, que culminou em uma “tragédia”, após um pênalti perdido por Júnior Amorim contra o Estudantes.

Para assegurar presença na decisão do título do Campeonato Pernambucano e ainda conseguir uma vaga na Copa do Brasil, o Ypiranga, até então líder com 17 pontos, precisava apenas vencer. Mesmo com uma derrota ou um empate, o time também poderia conseguir o título. Para isso, bastavam que Santa Cruz e Sport perdessem seus jogos.

Premiação ao elenco

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Para dar mais ânimo ao elenco alviazulino, o ex-presidente Flávio Pontes, falou a nossa reportagem sobre uma premiação estipulada pela diretoria e empresários locais para que o clube possa conquistar o título.

“Naquele jogo que valia o título, nós tínhamos um valor estipulado pelo clube, e decidimos que o Ypiranga só poderia pagar um valor, a diretoria e alguns empresários decidiram por alguns valores, que eram expressivos pra época e que foi feito de premiação para o elenco ganhar aquele título” – falou Flávio Pontes.

 

Principais momentos da partida

“De repente ficou apático, não atacou, não desenvolveu mais aquele futebol que estava mostrando” – relembrou Lulu

 

Ferreira Lima

Foto: Estádio Ferreira Lima.

 

Estudantes e Ypiranga se enfrentaram no município de Timbaúba. No início da partida, a equipe da Capital da Moda partiu pra cima, a primeira oportunidade foi logo no primeiro minuto, o volante Bia chutou de fora da área, porém a bola passou sobre a meta do goleiro Mondragon.

Em seguida, após bola alçada na área, o atacante Júnior Amorim cabeceou firme, que obrigou o goleiro adversário a fazer uma bela defesa, porém ainda no primeiro tempo, a equipe do Estudantes começou a crescer na partida, em um dos cruzamentos, o atacante Valdir Papel tocou para Fernando Pilar, que obrigou o goleiro Romero a realizar uma grande defesa.

 

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Os primeiros lances da partida deram as impressões de que o Ypiranga seria o dono do jogo, porém aos poucos o adversário crescia em campo como revelou o torcedor Jeferson Lulu.

“Nós vimos um Ypiranga nos primeiros dez minutos da mesma forma que vinha jogando durante o campeonato, aquele time forte, determinado e decidido, mas de repente ficou apático, não atacou, não desenvolveu mais aquele futebol que estava mostrando” – declarou.

Com poucas chances claras no primeiro tempo, as equipes foram para o intervalo sem balançar as redes. O time santa-cruzense sentia a ausência do meia Wilson Surubim, que foi impedido de atuar na partida, devido a uma ocorrência no município de Toritama.

Intervalo da partida

Restando apenas 45 minutos para decidir de vez o torneio, a comissão técnica e atletas se dirigiram até os vestiários, onde ocorreram as explicações do treinador Edson Leivinha aos jogadores para discutir os erros do jogo.

O ex-volante da equipe Tony falou sobre as palavras de incentivo, repassadas pelo treinador Leivinha durante o intervalo.

“Ele falou que nós iríamos conseguir fazer o gol a qualquer momento, e que seria um jogo de oportunidade e, quando aparecesse tinha que matar e que a qualquer momento o gol iria sair” – revelou.

O pênalti perdido por Júnior Amorim

“Aquele momento foi um dos piores da minha vida” – relatou o atacante Júnior Amorim

Junior Amorim

Foto: Gilberto Silva.

 

Aos 15 minutos do segundo tempo, o meia Mazinho Brasília tocou para o atacante Baiano, que invadiu a área e foi derrubado pelo zagueiro Marcos Pantera, pênalti, com a infração o zagueiro foi expulso da partida. Após a confusão, o atacante Júnior Amorim pegou a bola e colocou embaixo do braço, se aproximaram dele, o zagueiro Lima e o meia Mazinho Brasília.

“Quando aconteceu o pênalti, eu fui para a marca da cal, ele (Júnior Amorim) veio com a bola e eu perguntei “você vai bater?”e ele falou que “bateria”, então eu fiquei tranquilo e pedi que fizesse o gol em nome de nossas famílias, pois eu ganhava pouco e aquela premiação seria ótima para mim a para muitos do elenco” – revelou Mazinho Brasília.

“Eu peguei a bola para bater, pois tinha a certeza de que eu poderia marcar aquele gol, mas na hora que eu vi o goleiro caindo no lado que eu iria bater, eu tentei virar um pouco o pé, que acabou pegando de bico e infelizmente a bola subiu e foi pra fora. Eu soube depois que, o Valdir Papel (atuou com Júnior Amorim pelo Sport) teria dito ao goleiro, o lado que eu gostava sempre de bater. Enfim, aquele momento foi um dos piores da minha vida e até hoje tenho a certeza de que, acabei desperdiçando um sonho de muitos que torceram pela nossa equipe” – frisou Júnior Amorim.

 

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Imagem: JC Imagem.

 

De acordo com a visão do radialista Egídio Amorim, o mesmo afirmou que Júnior Amorim não estaria preparado para bater a penalidade.

“Foi muito estranho, quando ele pegou a bola para bater o pênalti, parecia que ele não tava com muita convicção para bater, não sei se ele sentiu com a responsabilidade todinha da cidade de Santa Cruz em cima dele. Quando ele foi bater, foi uma coisa estranha, que ele chutou mais a areia do gramado do que a própria bola, então a bola passou além da meta e cobriu todo lance de arquibancada e alguns prédios que estavam por trás. Depois da cobrança, as pessoas entenderam que “a vaca já teria ido pro Brejo” – pontuou Egídio.

.Confira abaixo o vídeo da reportagem da partida, produzida pela Globo Nordeste para o Globo Esporte:

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Momentos após a perda do pênalti e o gol de Carlinhos Bala

“Aquele gol do Santa Cruz foi como se fosse a bomba de Hiroshima tivesse caída dentro do estádio” – falou Egídio Amorim

 

Carlinhos BalaApós a tristeza da perca do pênalti, cinco minutos depois, o atacante Carlinhos Bala abria o placar para o Santa Cruz no Arruda contra o Náutico.

“Aquele gol do Santa Cruz foi como se fosse a bomba de Hiroshima tivesse caída dentro do estádio, foi uma tristeza total e pra gente terminar o restante do jogo foi como se fosse a viagem daqui até lá em Timbaúba, foi uma dificuldade grande, todo mundo abatido, foi terrível” – lamentou Egídio Amorim.

O Ypiranga sentiu o pênalti perdido, com isso o Estudantes partiu pra cima e aos 36 minutos, Valdir Papel cabeceou a bola no travessão de Romero e, mesmo atuando com um a menos a equipe de Timbaúba passou a mandar na partida, enquanto que o time alviazulino se encontrava apático.

Após o apito final, restaram lágrimas para todos que estavam confiantes na vitória alviazulina, enquanto isso, o Santa Cruz fechava o placar em 2 a 0 no Arruda com direito a recado do atacante Carlinhos Bala direcionado ao presidente na época da Federação Pernambucana de Futebol (FPF-PE), Carlos Alberto Oliveira.

 

“Senhor presidente cadê a taça?, era pra ela tá aqui no Arruda e não no interior, porque time do interior não sabe ser campeão não e o campeão tá aqui” – desabafou Carlinhos.

 

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 O que teria atrapalhado aquele momento?

“Foi uma semana em que o pessoal colocou os “pés pelas mãos”, foi um excesso de confiança de que já seriam pontos conquistados em Timbaúba e foi por isso que tudo deu errado” – disse Egídio Amorim.

“Aquele oba-oba subiu pra cabeça e foi um excesso de confiança, nós mandamos no jogo, teve até algumas mudanças que eu como treinador não faria, se eu precisasse ganhar, eu não iria trocar um lateral por outro (aos 33 do 2º tempo, o técnico Leivinha trocou Israel por Maizena), se estava com um a mais, eu teria que colocar mais um atacante, mas isso é coisa da parte técnica, que eu nunca influenciei nisso e sei que lá dentro quem comanda é o treinador. Mas, infelizmente a bola foi pras nuvens e só ficou a história” – falou Flávio Pontes.

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“Na nossa concentração tinham muitos dirigentes e torcedores, achamos até que aquele momento poderia ser só nosso como sempre estávamos acostumados” – pontuou Mazinho.

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A eterna lenda da camisa do atacante Júnior Amorim

 

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Imagem: Reprodução/Globo Nordeste.

 

Na época muitos relatos surgiram de que o atacante estaria com uma camisa alusiva a um grupo político local, diante do nosso questionamento, o mesmo respondeu.

“De forma nenhuma existia essa camisa política por baixo do meu padrão de jogo, até mesmo porque quando eu fechei o acordo com o pessoal, eu mesmo informei que não interferissem no meu trabalho dentro das quatro linhas, mas isso é um boato que surgiu naquele tempo e tenho a minha consciência tranquila quanto a isso” – finalizou.

Confira abaixo o áudio dos principais momentos da partida, com a equipe esportiva de 2006 da Rádio Comunidade FM de Santa Cruz do Capibaribe, que teve a narração de Maurício Sobrinho, reportagens de Jota Oliveira e Egídio Amorim, comentários de Hamilton França e Jason Lagos e plantão esportivo, Rafael Teles.

 

Obs: o áudio foi extraído de uma fita K-7 e oscila em alguns momentos.

 

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Reapresentação e a transferência de Júnior Amorim para o CRB (AL)

 

Segundo o torcedor Lulu, a torcida direcionava as críticas diretamente ao Júnior Amorim.

 

“Nós tecemos duras críticas á ele na reapresentação, apesar de que tinham alguns que defendiam, mas era um clima tenso, pesado, e chato e creio que, psicologicamente essas coisas pesaram e foi difícil se manter no time” – frisou Lulu.

 

Flávio Pontes revelou que um dos motivos da saída, seria o corte de gasto por parte da diretoria e a boa proposta recebida do CRB (AL) pelo atleta.

 

“O time sentiu um pouco e não estava com a cabeça legal, ele (Júnior Amorim) tinha uma proposta do CRB e a equipe já estava garantida entre as quatro. Houve uma proposta salarial maior e a gente tinha de certa forma diminuiu um pouco os gastos, mas tinha também a parte da pressão da torcida, mas depois daquele jogo fez gols aqui em casa, era guerreio, batalhava muito e experiente, então apareceu uma oportunidade era uma coisa boa e não tínhamos como segurar” – relatou Flávio Pontes.

 

 

O Ypiranga encerrou o campeonato na terceira colocação com 33 pontos, 18 jogos, 9 vitórias, 6 empates e 3 derrotas e comandada pelo ex-técnico do Botafogo (RJ), Ernesto Guedes.

 

Por onde andam?

 

Romero (goleiro) – Joga atualmente no Porto de Caruaru;

Israel (lateral-direito) – Seu último clube foi o Auto Esporte (PB) e atualmente estuda Educação Física;

Nenem (zagueiro) Promotor de vendas no município de Garanhuns;

Lima (zagueiro) – Comentarista esportivo e formação em treinador de futebol;

Jorge Guerra (lateral-esquerdo) – Reside no interior do Ceará;

Bia (volante) – Jogou na equipe do Vera Cruz (PE) no estadual de 2015;

Tony (volante) – Jogador de futebol no Guarany de Juazeiro (CE);

Wilson Surubim (meia) – Participa de competições amadoras em society na região;

Mazinho Brasília (meia) – Formação em treinador de futebol;

Júnior Amorim (atacante) – Reside em Belém do Pará, proprietário de um bar e restaurante e seu último clube foi o Santa Cruz (RN);

Jessuí (Atacante) – Jogador de futebol no Maranguape (CE);

Edson Leivinha – Treinador do Guarany de Juazeiro (CE).

2 Comentários

  1. Thiago Menezes disse:

    Acho que foi um dia que a cidade ficou com cara de enterro. A gente em Timbaúba não acreditava.

  2. Antônio Amâncio de Araújo disse:

    Vocês deveriam ter vergonha e sensibilidade, tragédia e o sangue dos nossos nunicipés jorrando nas ruas pelas mãos da bandidagência e a falta de apoio à polícia que vive enxugando gelo, prendendo e solando essa malta de criminosos que tiraram a nossa liberdade de sair as ruas, e agora invadem as nossas casas, isso sim é uma tragedia, também sou fã do futebol e digo que o que houve em timbauba foi uma consequência da falta de apoio psicológico de nossas equipe assim como houve com nossa seleção no mundial da franca e a pouco tempo aqui na copa recente, tragédia e uma palavra muito forte que remete a percas mediante uma desgraça profunda assim como os acidentes que ocorrem todos os dias em nossa famigerada pe_160 isso sim é uma tragedia.

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