Fotos: Janielson Santos.
A última sessão ordinária na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Capibaribe foi marcada, entre outras coisas, pelas mais claras divergências entre os situacionistas Junior Gomes (PSB) e Afrânio Marques (PDT).
Os dois não se entendem desde as discussões em torno da escolha da atual mesa diretora, no final de 2014. Durante os últimos dois anos, o clima foi de tensão e provocações.
No encontro dessa quinta-feira (08), o projeto apresentado pela mesa diretora, para uma reforma administrativa na Casa, em que prevê realização de concurso público, serviu de combustível para troca de críticas e desabafos, entre os desafetos.
Logo no início da reunião, antes do uso da tribuna, Junior Gomes pediu o adiamento de votação do projeto, que estava em pauta. Entre os parlamentares, a proposta de Júnior foi aceita por 9 votos a 8. Todos os 7 oposicionistas votaram contrários, juntamente com Afrânio Marques, sendo derrotados. Assim, a votação para aprovação (ou não) do projeto foi adiada.
A sessão prosseguiu entre prestação de contas, despedidas e homenagens, até o socialista usar a tribuna, como ultimo orador da sessão.
No seu discurso, Junior foi incisivo nas críticas, direcionando quase toda sua fala ao presidente. Para ele, Afrânio tentou fazer “média” e conquistar benefícios eleitorais com o projeto.
“Entendi esse projeto como querendo angariar votos, fazer uma média com as pessoas. Não estou insinuando, mas afirmando”, disse e completou mais à frente “Minha convicção é que esse projeto seja votado a partir de janeiro”.
De acordo com Junior, a próxima composição na Casa saberá analisar a matéria com mais propriedade. Pois, segundo ele, da forma que está os novatos receberiam algo sem qualquer conhecimento.
Em outro ponto, Junior comparou Afrânio ao vice-prefeito Dimas Dantas (PP).
“Dimas conseguiu um companheiro. Até pouco tempo, o único honesto do mundo era Dimas. Agora é Afrânio e Dimas”, ironizou após fala do presidente sobre ensinamentos do pai, em que o caráter foi colocado como principio fundamental.
A prestação de contas de Afrânio também gerou polêmica. O presidente fez uma comparação entre sua gestão e administrações anteriores. Junior criticou o que entendeu como insinuações sobre gastos de diárias.
“Espero que a questão de diárias não tenha sido comigo. E se for, dê nome, não cabem essas insinuações”, disse.
Em reposta, Afrânio afirmou que o projeto tramita desde o mês de maio na Casa, que o desafeto estaria agindo por questões ‘mesquinhas’ e que Junior nunca teria aceitado sua vitória para presidência.
“Só teve a hombridade de assumir sua posição agora. Antes, ficou, como ele mesmo disse, nos bastidores para que isso não fosse à frente. É a primeira vez que ele toma uma posição”, desabafou.
“Restabelecer a verdade é assumir que passou na comissão dele e ele (Junior) nem discutiu, nem deu parecer… fez nada. Fica pedindo adiamanto, para que?”, questiona.
Para o pedetista, Junior também não teve coragem de tentar uma reforma, quando passou pela presidência.
“Se foi presidente porque não teve a hombridade de colocar? Não quis e não fez. Isso mostra incoerência, diz uma coisa e faz outra”, disse e completou mais à frente “Na verdade, vossa excelência nunca aceitou que eu sentasse nessa cadeira e, inclusive, queria mudar o regimento interno para que eu não fosse presidente”.
Em certo momento, Afrânio afirmou que Junior iria escutar e pediu para que o desafeto olhasse no seu olho. “Sente aí para escutar, corra não”, falou.
De acordo com Afrânio, Junior tenta fazer a política do coronelismo, contra o concurso público, para praticar ‘empreguismo’.
No fim, Afrânio frisou que o projeto era da mesa diretora que também assinara e não apenas dele, no entanto, os demais integrantes da mesa, Zé Minhoca (PSDB) e Ronaldo Pacas (PR) se mostraram contrários, seguindo Junior Gomes.
