18
junho

Artigo – Por Adriano Oliveira


A LAVA JATO É CONFIÁVEL?

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Desde o início da meritória Operação Lava Jato mostrei que ela produzia crises política e econômica em razão da sua pressa em combater a corrupção. As operações policiais e os vazamentos de delações eram sistemáticas. Conduções coercitivas eram realizadas com frequência e criticadas por juristas e magistrados.

Em recente livro, “Qual foi a influência da Lava Jato no comportamento do eleitor: Do lulismo ao bolsonarismo”, revelei como a Lava Jato contribuiu para o impeachment de Dilma Rousseff e a construção do antilulismo, o qual possibilitou a existência do incipiente bolsonarismo. A Lava Jato foi e é variável desestabilizadora do sistema político e influencia eleitores.

Eu desconfiava, mas não tinha provas, de que a Lava Jato tinha intencionalidade. Aliás, três intenções. A primeira delas, o efetivo combate à corrupção. A segunda, a prisão de um ex-presidente da República. E a terceira, influir na última eleição presidencial. Cada intenção surgiu no decorrer da trajetória da Lava Jato.

Os três objetivos da Lava Jato foram contemplados. Contudo, indago: em nome do enfrentamento à desigualdade social, devemos tolerar atos de corrupção? Em defesa do enfrentamento da corrupção, devemos tolerar o desrespeito às regras do jogo? Quando um magistrado reclama de um procurador da República quanto à frequência de operações policiais, ele está interferindo na decisão do Ministério Público. Quando um juiz orienta quanto às provas a serem coletadas também.

É estranho, procuradores, agentes titulares da denúncia penal, às vésperas de uma denúncia, desconfiar dela em razão da inexistência de provas objetivas contra um réu. É mais estranho que procuradores debatam sobre a possibilidade de entrevista de um ex-presidente da República durante a campanha eleitoral e ainda reconheçam a possível influência dela na escolha dos eleitores.

Aliás, a preocupação com a repercussão da possível entrevista do ex-presidente Lula é a prova cabal de que a Lava Jato interferiu na decisão dos eleitores. E mostra que ela tinha um alvo a ser combatido, qual seja: o ex-presidente Lula. A ida do líder da Lava Jato para o ministério da Justiça é mais uma evidência de que a Lava Jato não desejava que o PT, ou melhor, Lula, voltasse ao poder. A Lava Jato merece aplausos quando a sua intenção é enfrentar a corrupção. E merece desconfiança, quando a sua intenção vai além disto.

 

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