19
junho

Artigo – Por Adriano Oliveira


BOLSONARO CEDE

 

Quando candidato, o ex-presidente Lula condenava a classe política. Em 2003, ao assumir o mandato, o então presidente rejeitou o PMDB. Partido de suma importância para a formação do presidencialismo de coalizão. Em 2005, o escândalo do mensalão vem à tona.  A popularidade do ex-presidente Lula declina. O impeachment passa a ser agenda do Congresso. A sabedoria de Lula, o crescimento econômico e a política salvam o ex-presidente do impedimento e ele é reeleito.

No segundo mandato, Lula não despreza o PMDB, como qualquer outra força política. Exerce com maestria a articulação. Em alguns momentos, confronta a imprensa. Mas o bom governo possibilita que a sua popularidade cresça consideravelmente. Em 2010, Lula elege Dilma Rousseff para presidente. E deixa o governo sob aplausos de todos.

Dilma era a antítese de Lula. Tinha dificuldade de fazer política. Dialogar. Mas, por várias vezes, cedeu aos partidos. Distribuiu cargos. Dividiu o poder. Em razão da pujança econômica, herança de Lula, a ex-presidente governou com tranquilidade até junho de 2013. Neste mês, manifestações explodiram em todos os cantos do país. Em 2014, a ex-presidente é reeleita e a Operação Lava Jato expõe o sistema produtivo da política. A Lava Jato anuncia para todos os cantos do mundo que o “toma lá dá cá” e a corrupção sumiriam da política. A economia perdeu pujança. Manifestantes foram pra ruas. A ressaca eleitoral para com o PT existia. Os partidos abandonaram Dilma. Ela sofre impeachment.

Embalado pela Lava Jato, o candidato Bolsonaro aparece como o novo. O presidente que fará tudo diferente. Partidos para ele eram representações da má política. A expressão “toma lá dá cá” não existiria em seu governo. Bolsonaro é eleito. Com Bolsonaro no poder, as “mamatas” dos políticos acabariam. Distribuição de cargo, nem pensar!

Durante um ano, o presidente Bolsonaro relega os políticos. Não distribui cargos. E segue em frente condenando a política. Chega 2020. Crescimento econômico pífio em 2019. Popularidade estável. Um cisne negro surge, a Covid-19. O STF reage enfrentando as fakes news. Crises sanitária, política e econômica. Confronto com a imprensa. O presidente cede ao sistema político. Convoca os partidos. Distribui cargos. Tardiamente, o presidente acorda para a realidade. Descobre que o sistema produtivo da política é antifrágil. Sofre estresse, mas não quebra. E que para governar, é preciso ceder, fazer acordos, distribuir poder. Caso não, o seu mandato pode ser encurtado.

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